Friday, August 26, 2005

para a morte

te olho no olho
deus de mim
momento mínimo
quero teu instante
te peço com jeito
de quem não quer ter
pra ter sem pena
com intenção sinistra
pra lá de humana

ser ei estar ei

hoje farei uma festa
no meu apartamento burguês
com vodka e bebidas amargas
martinis e outras doçuras
um banquete de travessuras

apagarei o cigarro da boca
descansarei o copo na mesa
abrirei o ziper e só
andarei descalço
abrirei a porta, a janela, a caixa
procurarei você no vale, na sombra, na cortina
encontrarei no chuveiro
esticarei a toalha
deitarei em gotas
abrirei seu peito
partirei macio, audacioso
sentirei o teu vento no pescoço
morrerei de frio
andarei nas nuvens
espreitarei o vale
abocanharei teus seios
úmidos de mim
não resistirei e direi a palavra maior
no teu ouvido, em silêncio

a sua hora

cada hora é igual a outra
seu instante é igual ao da outra
não me canse
não me aborreça
me deixe só
quero o sereno só pra mim

Não diga nada
não fale da flor
para já
pare agora
não suporto essa insatisfação

cada instante é um agrado
que perco de meu próprio mundo
doado a você.
quero tudo de volta,
cada agasalho, abraço, tremor.

tão só que dá dó

Um dia nasci macabro
noutro acabei escravo
precisei dizer, contar, gritar
buscarei você que nem sei
te escrevo em dó

guarde você pra mim
enxerga
aquele sorriso é seu
mas ele foi feito pra mim
se quiseres sorrir, sorria
mas outro sorriso

não diga que foi ontem
não suporto o vazio de hoje
que diabos deu em você
menina vazia! de sentimento por mim

sobre a vontade de amar

Ainda não te amo, meu amor
Ainda não bateu aquela dor
Mas sei que é você
Quem vai trazer a alegria
Vai ser a eterna companhia
Desde agora até depois

Vem correr com nosso filho
Vem chorar cada gemido
Comer bergamota no sol

sobre o fim

Tem um pouco de você na minha história
Mas não vejo nisso grande glória
Mesmo que pareça ofensivo
Te engana

Não sinto dor nem alívio
É a simples verdade que não quis ver antes
Que agora põe você mais distante

Queria muito o teu amor
Mas ele não veio
Não veio
Acreditei, mas não veio.

sei nao (que fluxo e esse?)

Andar correr dormir
minha vida pra levar
sonhos bons que já se foram
se despedem da memória
e não se cansam de sorrir

Meus bons amigos sabem
da paixão que nunca tive
da razão que entrego a vida
da vontade de sentir
Sei não, sei não
Você não vai passar lá
Cê é moça bem vestida
Gente doutras simpatias
Não vai nem me ignorar
Sei não, sei não

Te daria um conselho
Escreveria no teu joelho
Nadaria no teu mar
Você fez a sua escolha
Distranciou da minha bolha
E nunca me verá chorar

Nadar, viver sorrir
tenho sonhos verdadeiros
penso e faço os meus conselhos
me acordo com memória
e não me canso de mentir

Cada tempo tem sua escolha
Meu momento foi aceito

A distância sou perfeito
Não prometo mais sorrir

Ando ao teu lado se quiser
Brinco a vida como par
Bebo, bebo, bebo o bar

Acordo as dores do meu peito
grita forte na minha fronte
Espera o momento e atravessa a ponte
Cafuné me faz dormir

Thursday, August 11, 2005

O advento da patente.

O mundo mudou muito desde a invenção da patente. Falo da patente que tem no banheiro, aquela que tem um dispositivo de apertar um botão e fazer sumir todo o escremento depositado ali. Recentes estudos mostram que o mundo moderno chegou ao pós-moderno graças a essa tecnologia que permitiu um desenvolvimento intelectual capaz de confrontar traumas humanos a ponto de fazer mudanças comportamentais na média da população. O mecanismo mental funciona assim: ao defecar o humano observava as fezes e imediatamente reconhece sua existência mundana sedimentada na natureza e pouco volátil de ser degenerador de nutrientes em matéria orgânica secundária. Diferentemente disso o ser humano que vive depois da invenção da patente perde seu parâmetro existencial na hora de apertar o botão da descarga. Ele aprecia o poder de fazer sumir a merda. Por um mecanism o silógico o homem contemporâneo acredita que quando ele faz uma grande merda ele pode fazer ela desaparecer. Vide José Dirceu.

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