Thursday, October 11, 2007

mac de marzipan

Sonhei essa noite que meu macbook era feito de marzipan preto e dei uma mordida nele. Foi bem no canto esquerda, perto da tecla fn e ctrl. Depois que mordi fiquei me perguntando se ele teria capacidade de regenerar, se aquele pedaço comido cresceria novamente assim como perna de aranha. Fiquei olhando pra ele e enxerguei uns chips dentro e fiquei com medo de ter devorado alguma parte muito interna, com a sensação de que existem partes fundamentais que têm que ser preservadas, que tem que ser cuidadas com atenção, guardadas em redoma com alarmes e laser.
Vixe...
O que será que eu tava me dizendo???

Tuesday, October 09, 2007

cigarro


O cigarro é o paradoxo da humanidade, diria um extraterrestre amigo meu. É a indicação de que a programação genética humana é suicida, tanto na individualidade quanto na sociedade (fractalmente falando), sendo que o suicídio vem mais rápido no indivíduo e demora um pouco mais na sociedade.
Fumar é um atestado de que o homem não tem bem certo a compreensão do fator tempo e que avalia muito pouco suas escolhas considerando o futuro. Existe um bug que avalia com critérios diferentes a mesma informação se ela for executada no presente ou no futuro, o que, pro indivíduo, pode resultar em escolhas suicidas como fumar e, pra sociedade, é a morte anunciada.
Esse vídeo não fala nada disso. Só mostra o mais importante: que as consequências, mesmo que aparentemente distantes, vão vir.

Wednesday, October 03, 2007

Ponha o cigarro na boca e não acenda

Comecei um hábito que pretendo divulgar como uma opção bem óbvia para uma série de problemas. Trata-se de fumar o cigarro apagado, ou seja, colocar o cigarro na boca e aspirar apenas ar limpo, levemente adocicado pelo fumo apagado que desprende um aroma que é o que o cigarro tem de melhor.

É assim:
Coloque o cigarro na boca.
Aspire o ar profundamente e sinta o oxigênio entrando nos pulmões (esse é o prazer desse hábito).
Expire o ar para cima, para o lado... como queira.
Não aceite as ofertas de fogo (vão ser muitas).
Brinque com o cigarro até ele ficar mordido/velho/amassado... e exprema ele no cinzeiro. Pronto (não é legal ficar com ele detonado na boca).
Dê um intervalo e fume outro.

Thursday, September 27, 2007

minutos

"Que violento está esse mundo. Tem um estudioso que diz que a gente tá sempre a minutos de ser assaltado. Ele tem um raciocínio que fala que o que determina a violência é o tempo que se está exposto a ela. Faz comparativos com estar próximo a um leão, ser percebido pelo leão, romper a inércia da preguiça da fera, se transformar em presa. Segundo ele esse processo sempre acontece variando conforme a tensão da área/fera. E diz que em países como o Brasil o tempo de inércia é de 5 minutos. Em outros países pode ser bem mais do que isso."

Não é verdade que existe um estudioso que diz isso, mas é uma teoria bem óbvia. Escrevi isso em resposta a um email pelo qual eu soube que um amigo meu foi assaltado. Resolvi colocar aqui porque o tema atinge a todos.

Ainda não sei detalhes do assalto, só que foi enquanto ele comia um xis com amigos. E que todos estão bem, mas sem suas carteiras e celulares.

Monday, September 17, 2007

VOTE 500 ganha força na Líbia

Ontem li uma matéria interessante na Folha de São Paulo, sobre um econegócio que a Líbia está desenvolvendo e que vai ser um dos maiores projetos de turismo sustentável. É um negócio incrível que tá sendo lançado pelo filho do ditador que já foi o maior desafeto do mundo, ninguém menos do que Muammar Gaddafi. O lance deles é fazer um carinho na opinião pública pra ser novamente aceito pelo mundo e também para dar uma sobrevida nos trinta e tantos anos de poder na família. Seja lá qual for o motivo, parece que essa onda verde tá mesmo trazendo consequências válidas.

Outro dia fiquei pensando que se o mundo fosse um ser humano ele estaria passando hoje doloridamente pela crise dos quarenta, tendo sido fumante e bebedor forte. Seria um homem que já teve um enfarto e colocou uma ponte de safena. Que tem problema no fígado, bursite, perda óssea e tá com uma tosse insistente que teme ser um cancer. Ele passou a usar protetor solar e até a usar creme pra evitar rugas e já tá tentando mudar os hábitos pra ter vida atlética. Mas ainda não engrenou na nova fase com o empenho que ele precisa.

O que me deixa superficialmente entusiasmado é que a mudança parece ter começado.

Não esqueça, vote 500.

Monday, September 10, 2007

O laboratório cubano II

Outro dia escrevi, em tom de gonzojornalismo, sobre Cuba ser um laboratório da humanidade para avaliar a capacidade humana de ser sustentável. Deixando de lado a brincadeira conspiratória, fica a seriedade da coisa. Esse papo já cansado de que o mundo tá perigando entrar em colapso por incapacidade de abastecer todo a população que tá vindo é uma merda, mas tá ficando cada vez mais óbvio. Os números incríveis que mostram que os 6,6 bilhões de hoje vão para 13 bilhões em 2012 me preocupam e deveriam preocupar mais pessoas. E ao mesmo tempo o padrão de consumo que tá nos deixando cada vez mais viciados nos prazeres do conforto é um puta dum empecilho pra qualquer mudança de atitude.

Por outro lado existe, de fato, um pais no mundo que, segundo o WWF, tá levando a sério a cartilha da sustentabilidade mundial. Esse país é Cuba. Dizem eles que lá é o único país da terra que deixa um rastro ecológico abaixo dos limites estabelecidos como sustentáveis. Depois deles vem paises da america latina. Em contrapartida paises como a China ampliam sua população e conforme aumenta a distribuição de renda e a capacidade de consumo, aperta o problema. EUA e Europa são problemas por serem a ponta da pirâmide de consumo, os que apresentam os novos modelos de vida que serão copiados pelos emergentes. Preocupante para os nossos filhos e até cachorros.

Talvez toda aquela coisa que os ex-comunistas diziam ser atos pequeno-burgueses (pra quem não sabe: esse era um termo muito usado por camaradas como o personagem fictício do Gabeira no livro Carbonários do Alfredo Sirkis, que coincidentemente são dois dos membros mais destacados do Partido Verde atualmente), fossem fundamentados justamente na sustentabilidade.

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Inclusive escutei o programa político do PV na última quinta-feira e decidi que numa segunda-feira futura vou assinar ficha lá :)

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Agora pouco li em algum lugar que indios de algumas tribos diziam que as decisões da aldeia deveriam ser tomadas sempre considerando o impacto para as próximas 7 gerações. Interessante né.

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A propósito, estou procurando e não encontro referências de uma exposição sobre reaproveitamento de materiais em Cuba que o Edson Matsuo indicou em um Espremedor CJC. Se alguém souber algo sobre isso eu adoraria ver.

Wednesday, September 05, 2007

A morte da TV

Já fazia tempo que ela não satisfazia mais, eu ligava ela e sempre vinha aquela decepção. Uma chatice perceber que ela tinha deixado de trazer as imagens que eu queria. Primeiro apareceu uma faixa verde e uma distorção na imagem, depois a imagem ocupou apenas parte da tela, até que um dia deu uma queda de fase e fui ligar a coitadinha... mas não brilhou. Isso foi há uns dois anos.
Depois dela veio outra que tá bem ainda.

Tuesday, August 21, 2007

o laboratório cubano

Em 96 fui a Cuba participar de uma competição de natação. Éramos uma equipe de uns 20 brasileiros, sendo que os meus amigos Bier e Lisandro foram os gaúchos que também foram. Nadamos contra os cubanos na piscina olímpica espetacular que foi construida lá para o Panamericano de 87. A piscina auxiliar de aquecimento tinha áudio subaquático, o que me agradou muito.

Voltei de lá com uma medalha e com a sensação de ter visitado um laboratório da humanidade, um lugar onde alguém resolveu mudar tudo pra ver como funcionaria.

Lembrei disso ao ver essa notícia:

Um agente do serviço secreto soviético divulgou uma informação intrigante. Segundo ele, desde os anos 80, Cuba se tornou um laboratório de testes de sustentabilidade da humanidade. Segundo o militar que agora trabalha para a Chevron, o governo chinês controla a situacão do país de Fidel através de alguns poucos auxílios e jogo duplo de diplomacia para fazer paises como os EUA aplicarem embargos bem medidos que simulariam uma situacão de escassez de recursos comparável ao que o mundo poderá estar vivendo no prazo de 50 anos. O projeto ultrasecreto se explica na necessidade que o pais mais populoso do mundo têm de administrar recursos humanos num futuro onde sua população terá níveis educacionais bem superiores aos atuais ao mesmo tempo que experimentará uma retração econômica resultante de uma possível mudança da matriz energêtica e deterioração climática.


Alguém falou em conspiração?

Tuesday, August 14, 2007

a história de como o fractal passou a fazer parte da minha vida

O fractal começou a surgir no pensamento quando fumei maconha pela primeira vez. Foi na Praia do Ferrugem, com meus amigos Pavão, Pavãozinho e Bier. Na época todos nós ainda éramos nadadores e eu era definitivamente abstêmico. Álcool nem no Ano Novo. E absolutamente nada mais. Era uma escolha pragmática pelo meu desempenho físico. Mas naquele verão resolvi fumar e acabei encontrando o princípio da lógica fractal que passou a orientar alguns dos meus pensamentos.
Sentado na beira do rio da barrinha eu fumei. Eu tava me sentido muito deslocado e ao mesmo tempo invisível numa roda de gente que incluía o atual DJ Chernobil e vários outros experimentados. Enfim, saí dalí e caminhei por umas 5 quadras que pareceram 5 horas me admirando com a intensidade das sensações que surgia. Especialmente lembro de sentir minhas glândulas salivares jorrando por um sanduiche. Cheguei em casa e me sentei ao acaso observando um tronco de árvore seca. Fiquei uma hora olhando pra casca da árvore e percebi que a casca tinha uma característica estranha e bem interessante que era a seguinte: ao observar ela a um metro de distância e observar ela BEM de perto, ela tinha estruturas muito parecidas. Achei incrível. Daí acabou o efeito e não achei mais tão admirável, mas fiquei pensando sobre o assunto até um dia em que li sobre a teoria do fractal.
Anos depois assisti ao filme Pi do Darren Aronofsky e comecei a pirar em alguns conceitos como: 1- a matémática é a língua da natureza. 2- é possível extrair um padrão matemático de todas as coisas. 3- é possível identificar padrões em praticamente tudo, basta ter distanciamento e proximidade suficientes para observar o todo e o detalhe, assim como se pode observar a casca de árvore a um metro ou bem de perto. 4- a observação atenta pode resultar na leitura do futuro. 5- o avanço nessa disciplina pode levar a esquizofrenia.
Bem, foi assim.

Friday, August 10, 2007

fractal de humano

O ser humano é um ser muito igual.
É uma mesma essência por motivos biológicos.
Uma organização de orgãos e sistemas muito semelhantes.
Um ser que teima em dizer e achar que é diferente.
E tende a achar que é melhor ou pior, mas não igual.
Dificilmente nos consideramos iguais.
E geralmente esquecemos de procurar nossos chavões.

Por isso há tempos acho que está sobrando gente. Sobrando textos e opiniões. Por isso trabalho pra que minha opinião não seja encontrada. Pra que meus pensamentos não saiam da minha cabeça. Faço o possível pra guardar eles da impressão de qualquer pessoa. Pra não ser mais um e não enfrentar a própria consciência de que somos ordinários. Seres que se comportam em um mesmo padrão, com seus vícios.

Somos fractais da humanidade observadores e atores do nosso microcosmo, enquanto nossa influência comunitária nos faz atores no macrocosmo.

O microcosmo é o horizonte de percepção que cada um tem da sua própria vida. Enquanto o macrocosmo é a observação que fazemos da vida dos que estão intocáveis. E o extracosmo é aquilo que foge da nossa vista.

Cada vez que abro meu browser percebo que meu microcosmo aumenta. Mas aumenta da mesma forma que todo o universo cresce. Meu micro se funde ao de outros e ao mesmo tempo reocupa memórias que passam a ser codificadas pra não ocuparem espaço útil para o crescimento. Que são acessíveis sempre que consideramos que elas são necessárias para alcançarmos o planejado.

Sempre estamos nessa de voar para longe e guardar a memória do ponto de partida.

No tempo em que eu nasci
falei para o leiteiro
que a a terra era das vacas
ele sorriu pra mim
surgiu um amigo
e conversamos
tudo certo, ele disse que não faz mal às vacas
que só tira o que elas produzem
mas dói
não
somos humanos, assim que é.

Isso certamente é comum, meu amigo disse.
Respondi que nunca vi.
Mas na matriz é igual.
Por que?
Porque já aconteceu, já existiu algo assim.
Eu queria ter vivido antes do Beatles.
Aí você não veria o mundo assim.
Mas seria o meu mundo e nao o deles.
Tu não teria a influência deles.
Eu poderia escrever o submarino azul.
Patético. E por que seria melhor azul do que amarelo.
Porque seria meu.
Eu acharia pior.

Quando escrevo alguma coisa tenho a nítida impressão de que é desnecessária. De que já teve alguém que escreveu isso ou algo muito parecido. Tenho a impressão de que precisamos parar de querer aparecer. Que ler e pensar tem que ser valorizado mais do que falar. O adorável mundo novo tá com desproporção de alfas dominantes.

Por isso tudo, escolha ter um cachorro (por exemplo) em vez de um filho. Desacelerar o crescimento é o paradoxo da sobrevivência. É a necessidade que temos de encontrar a humildade como espécie. Slow down. Vote "500".

Agora deixo de lado o fluxo de consciência pra lembrar que, mesmo na publicidade, a responsabilidade pelo coletivo é necessária e possível.

Thursday, July 05, 2007

História 4 - essa é real



Na Africa do Sul. quando se vai com alguma grana, vale muito fazer safaris nos parques nacionais. São reservas enormes onde animais nativos convivem como a natureza manda. Esse vídeo é num desses parques. Incrível é a quantidade de views que ele já teve no youtube: mais de 6 milhões.

Wednesday, July 04, 2007

registro ortográfico do dia

Pensar é pra dentro.
Falar é pra fora.
As vezes penso que falei.
Mas só pensei.
As vezes sinto que faltou falar.
E já falei.
Tem um monte de fintas cerebrais que a gente inventa em algum momento -talvez da nossa infância- que servem pra gente ser aceito, pra conseguir o que quer, pra ganhar carinho, pra se safar e pra vários outros fins animais. Esses padrões sequenciais de pensamento que são dissimulações e que chamo de finta se tornam, com o tempo, a matriz do pensamento.
Teve uma época que eu gostava muito de fazer mapas cerebrais. Que são registros gráficos dos pensamentos de um determinado momento. São legais porque são ativadores de memória incríveis. Se hoje olho algo que eu rabisquei há anos, lembro de praticamente tudo que passava na minha cabeça naquele momento. É beeem divertido. Geralmente a diversão era diretamente relacionada a alguma substância de alteracão de consciência. O que me leva praquela velha questão de como é possível a gente obter desenvolvimento cerebral através da experimentacão e auto-avaliação pseudo-científica. Hoje esse cérebro azeitado que escreve se diverte em deixar suas fintas como armadilhas pro narcisismo. Muitas delas são ortográficas, procurem. Me lembra a ponte de M, do artigo do Contardo Caligaris, que caiu na minha mão pra ler e acabou me guiando por um caminho divertidamente enriquecedor: uma vasta busca na memória da minha alfabetizacão. tenho vários mapas cerebrais desse percurso. Seguuuundo annnnno! Escada de cimento em L, erva de funcho, capuchinhos, ser jockey, driblar no futebol, caixa de areia, goleiro. Que legal. Ah, se alguém chegou a ler até aqui, agradeço o interesse. :)

Wednesday, June 27, 2007

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Memória da quinta série

Quando morei em Brasília eu tinha 10 anos e a mania de fazer xixi sempre no mesmo box de mictório do banheiro. Durante todo o ano letivo de 1985, no Colégio Marista, eu dava um jeito de mijar no terceiro box da esquerda pra direita do banheiro de baixo. Houve situacões em que todos estavam livres e tinha apenas um moleque usando o terceiro... raios! eu esperava, fazia cera, até liberar.

Lembrei disso depois de assistir Mais Estranho que a Ficção.

Friday, June 22, 2007

Muita coisa

Antes sexta-feira era o dia que eu esperava o fim de semana chegar.
Agora fico querendo uma sétima-feira antes do sábado e domingo.

Friday, May 18, 2007

História 3 - o caso dos corpos na estrada

Chegando em Oustdhorn eu vi uma dúzia de velhinhos na beira da estrada. Eles pediam comida desesperados, avançavam pro meio da estrada movimentada na esperança de que os carros parassem e alguém desse comida ou dinheiro. Mas a maioria diminuia a velocidade e desviava deles. E a minoria passava por cima mesmo. Na hora que eu tava passando tinha recém passado um caminhão que não parece ter usado o freio e acabou atropelando uns 5 velhinhos de uma vez. Foi horrível a cena. Diversos corpos atirados pelo chão. Sangue e membros espalhados. Estranhamente todos os outros carros continuaram passando sobre a meleca. Chegando no hotel eu perguntei ao concierge como é que aquela barbárie tinha acontecido sem causar espanto nos que estavam por perto, já que ninguém parou pra ajudar. A resposta dele foi lacônica: no fim do dia a patrola tira os restos. Sério, isso é mentira.

Monday, May 14, 2007

História 2 - Anjinho no Aeroporto

O aeroporto de São Paulo dava vergonha. Fila de uma hora pra passar na polícia federal. Pessoas desinformadas perdendo seus perfumes e desodorantes trazidos na bagagem de mão.

Enquanto aguardo na fila de embarque observo um homem deitado no chão de mármore fazendo um movimento de abrir e fechar os braços esticados, que eu conheço como movimento de anjinho na areia, e gemendo com timbre feminino de gata no cio. Fiquei em dúvida se era um caso médico ou de polícia. Meus parceiros de fila escolheram achar que era epilepsia e condenaram a forma displicente que os paramédicos cuidaram do caso. Eu preferi não mostrar que eu tava rindo pra fugir da condenação implícita dos futuros colegas de võo. Mas a minha versão do fato é que era uma bixa louca se contorcendo em busca de algum contato físico com paramédicos e enfermeiros.

História 1 - Limite Territorial

Pousei em Cape Town às dezessete. Às dezessete e trinta já tava no hotel Fountains. Às dezoito atravessei o lobi, observei a rua, a luz minguante de fim de dia e uma fonte no centro de uma rotatória. Avancei até a porta de vidro e dei três passos na calçada. Em quinze segundos três adolescentes me cercaram e proferiram palavras aparentemente ofensivas em língua xhosa. Dois deles circularam ao meu redor e um deles colocou a cabeça no meu peito como carneiro faz para enfrentar outro macho. Durou quatro segundos o ataque sem vítimas, que me desvencilhei dando três passos para trás. Observei os três seres humanos correndo na rua, saltando alegres, proferindo gritos de alegria hormonal descontrolada.

Sobre a África.

Foi ótimo. Tem fotos no flickr

Tuesday, April 17, 2007

minhas férias

Na volta vou fazer a redação.

Por enquanto só a expectativa de ver a união do atlântico com o índico, do kilt com a madiba e de mim mesmo com myself. Oba!

Thursday, March 15, 2007

Pra um dia inscrever num concurso de minicontos.

Sonhei que eu era um cinto feito de um composto sintético moldável muito versátil. Eu andava pela rua e ganhava apetrechos e cores diferentes. Quando tocou o despertador eu me dei conta que tava dormindo e mimetizei no lençol. Do ponto de vista do lençol eu me vi acordando.

Tuesday, March 13, 2007

BIODIESEL


Ninguém vai confirmar ainda, mas há uma grande movimentação em torno de uma das maiores fashion brands do mundo. A incensada DIESEL vai mudar de nome. Gradualmente, no mesmo ritmo da transição da matriz energética do mundo, a marca passará a se chamar BIODIESEL.
A decisão foi tomada considerando 357 fatores, porém um deles se destaca na pesquisa por apontar uma migração de postura em relação ao mundo e as coisas. Mark Krostein, diretor mundial da Diesel Branding comenta que "o gerador da nossa decisão foi a constatação de que o niilismo está saindo de moda e não podemos mais manter a postura passiva em relação a sobrevivência na terra". Jehn Carson complementa que apesar de ser "uma questão aparentemente de pouca importância, o niilismo era o que sustentava a postura cool da nossa marca, mas agora estamos buscando estar mais engajados para fazer a nossa parte".
Jacob Charnier, chairman do grupo, não confirma nenhuma das informações.

Friday, March 02, 2007

Uma verdade conveniente.

A verdade é uma entidade muito afudê. Tenho medo e amo ela. Sofro em saber coisas e sofro por não saber. Ela é fulminante e tem efeito cadeia. Gosto de me relacionar com ela porque ela não trai. Ela tá na essência do amor e da ética.

As vezes penso que a verdade é parte da natureza mas tem data de validade nos humanos. As crianças são verdadeiras até saberem que algumas verdades não podem ser ditas, então passam a criar formas de dar voltas nela pra conseguir o que querem. E surgem diversos tipos de mentiras. Algumas são condenadas e outras são aceitas. Disciplinas existem pra identificar o que pode e o que não pode, que tipo de verdade pode ser escondida e que tipo tem que ser usada. E que tipo de mentira é proibida e que tipo é aceita. Nos últimos tempos vi declarações e indícios de que o mundo tá aceitando muito mais mentiras do que no passado. Exemplos políticos mostram isso, questões de honra também.

Enxergo um movimento mundial que vai para a mentira. E um outro movimento mais novo que vai pra verdade. E acho que tem pouca gente que se lembra como é pensar com a ótica da verdade. E menos gente ainda que sabe pensar com a verdade sem ser ingênuo.

Thursday, February 15, 2007

Quero ser um incendiario capaz de controlar o proprio fogo.

Gostei desse texto que encontrei em uma das minhas comunidades do orkut.

"Dizem que jovem não lê. Desconsideradas as horas que passa fazendo isso diante do computador, aceitemos que é verdade. Cabe perguntar, no entanto, se existem mesmo tantos livros essenciais à juventude, com seus sonhos, loucuras e tormentos. Muita gente procura fabricá-los, mas de maneira tão calculada que dificilmente falam à alma, ao coração. Essa era uma especialidade do francês Albert Camus (1913-1960), prêmio Nobel de Literatura de 1957. Camus não foi um grande pensador, como às vezes sugerem que ele tenha sido. Mas foi um inigualável autor para jovens, por representar como ninguém as mais belas características da juventude: a pureza dos ideais e a paixão por plantá-los no mundo real.

Um provérbio cínico diz que todo homem é um incendiário na juventude e bombeiro na vida adulta. Camus foi um incendiário pela vida inteira. Nascido pobre na Argélia ainda francesa, Camus só não foi operário, como o irmão, porque conseguiu bolsas de estudo. Formado em filosofia em Argel, a tuberculose o impediu de seguir carreira universitária e comprometeu seus sonhos épicos: ele não pegou em armas na guerra civil da Espanha, na II Guerra, nem na Resistência aos nazistas. Participou desses eventos em missões civis ou como jornalista. E até o fim da vida, amargando a hostilidade de antigos amigos, nunca arredou pé de sua crença na liberdade do homem.

Muita coisa mudou de lá para cá, está claro. A URSS virou uma referência histórica tão remota quanto o império austro-hungáro, e maoístas apostam no libre mercado. Contra esse pano de fundo, parece intrasponível a distância que nos separa do tempo em que Camus se dilacerava pregando seu humanismo sem Deus, tentando ser gauche sem rezar pelo catecismo soviético e defendendo igualmente árabes e franceses da Argélia, contra direita e esquerda que preferiam resolver o problema com bombas e atentados (...) Mas nada consegue abafar Camus, sua aura de herói atormentado, sua paixão pelo jornalismo, pelo teatro e pelas mulheres, sua coragem de pagar o preço por "estar certo antes do tempo".

Mirian Paglia Costa
Veja, 18 de novembro de 1998"

Wednesday, February 14, 2007

Quem somos nós?

Há uns dias assisti o filme Quem somos nós? Aquele filme que é uma dissertação da física quântica aplicada à auto-ajuda. No final do filme fiquei com a sensação de que eu tinha recém saído de uma missa-show, de um sermão cool, de uma catequese científica. Portanto saí desconfiado. Achando tudo bem interessante, mas raso... Mas, quem sou eu?

Wednesday, January 24, 2007

BABEL

Sabe quando você começa a ver cenas que parecem suas, guardadas na sua memória, imagens que você reconhece, mas fica pensando como elas entraram na sua cabeça... é um momento de confusão mental, de falha ao encontrar a origem do arquivo, aparentemente guardado na gaveta errada, na gaveta das memórias vividas em vez da outra que guarda memórias observadas.

Há dois dias estou confundindo memórias, que - pop up! - saltam pros meus olhos, de cenas contendo desertos, crianças, mexicanos, marroquinos, americanos, japoneses... de tiros de Winchester M270, de adolescente nua na sacada, de jet up, balas e whisque, fronteira de Tecate e San Diego. Essas memórias estão entrando na gaveta errada. Não são memórias minhas, são implantadas pelo Alejandro Gonzáles Iñarritu, esse cara que tá fazendo um cinema que eu chamaria de neo-mexi-nipônico. Ele deixa sair o viceral latino lá do méxico em histórias contadas em tempo oriental, daquele tipo que os grandes japoneses contavam sem narrar, que contavam com o sentir.

Monday, January 22, 2007

COMBO: english class + shrink

Tem uma nova profissão surgindo.

Se você é psicólogo e está lendo isso, é seu dia de sorte. Principalmente se você é um dois cinquenta mil psicólogos formados no Brasil que tão a deus dará (melhor ainda se você morou em Londres). Aqui está a incrível fórmula para um negócio que é futuro garantido para quem dominar a psicologia e tiver fluência em uma língua estrangeira. Consiste em unir a sua capacidade de tratar a cabeça das pessoas, somada ao desejo de todos de terem uma segunda, terceira ou quarta língua extrangeira no currículo. Veja bem você, ao invés de você oferecer um serviço, você oferece um COMBO. Tratamento psicológico + aula de inglês - Trate sua cabeça e afine a sua língua, dirão alguns - Seu paciente vai para a sua clínica com problemas na cabeça, senta na poltrona e começa a falar, colocar tudo pra fora. Mas ao invés de falar em português, ele falará em inglês (ou alemão, francês, mandarim...) E você, com todo seu conhecimento de psicologia, vai ficar ouvindo e o ajudará a reorganizar os problemas. Você também falará em inglês com ele, como psicólogo. Diferentemente de uma aula comum, você não vai corrigí-lo, nem entrar em questões gramaticais... você apenas vai conversar sobre o que ele for capaz de falar.


Esse incrível método ainda não surgiu, mas está prestes a estourar.

Saturday, January 20, 2007

A busca da minha profissao:

Encontrar a verdade interessante que existe nas coisas.

Não é tão simples resumir o que a gente faz na profissão da gente. Mas resolvi deixar registrado pra mim mesmo o que tenho pensado nos últimos tempos em relacão a minha busca na profissão de publicitário.

Não tenho a mínima pretensão de provar que a publicidade busca a verdade. por mais que eu tenha lido Schopenhauer, eu certamente perderia o debate, na impossibilidade de rebater alguns argumentos. Nem acho que existe alguma variante da propaganda que pode ser chamada de "propaganda-verdade". Não, não.

Existe sim uma observacão da vontade das pessoas de encontrar algo interessante, que lhe dê prazer e que não seja uma decepcão. É algo parecido com a busca por um relacionamento amoroso, a busca pelo afago instintivo que confunde sobrevivência com perpetuacão da espécie, mesmo que conscientemente o amor apaixonado seja coroado com sexo protegido de reproducão. Na sedução e na consumação o corpo acredita que seus gens serão cruzados com aqueles outros daquela linda e loira criatura. Nessa hora você quer que isso seja verdade pra que o prazer seja maior. Tá ok, é meio exagerado e pretensioso fazer essas comparações sem aprofundar argumentação, sem dar exemplos, sem relativizar a verdade... mas eu pensarei assim por um tempo ainda. No mínimo até encontrar peças publicitárias que sejam capazes de me seduzir por algo que não seja a verdade escondida das coisas.

Wednesday, January 10, 2007

O novo i-Phone

Recebi uma ligação há uns dias. Era meu filho. Lá do futuro ele me ligou. O motivo é que ele tinha aproveitado uma promoção pra adquirir o telefone pra falar com o passado. Quiz me contar a novidade antes de qualquer um, mas meu celular normal tava ocupado e ele não gosta de deixar recado gravado. Eu pedi desculpas, não queria ser um pai ausente. Ele disse que tudo bem, me mandou um beijo e tchau. Acabei esquecendo de perguntar o nome dele.

Friday, January 05, 2007

A morte do Saddam



Caramba, eu vi a morte do Saddam. Já vi vídeos piores, mas esse foi pesado. Vi o de uns terroristas passando a faca no pescoço de um refém e ouvi golfados de ar e sangue sairem da traquéia dele. Foi bem pesado, mas era um alguém que eu nunca tinha visto. E por isso parecia ser distante e esquecível.

Mas o Saddam é um conhecido antigo, assim como o Kadafi, o Ahmadinejad, Kim Jong, Bush... a diferença dele para os outros é que ele perdeu uma guerra e foi condenado em um julgamento. E que a sua pena foi motrada para o mundo no youtube. Sórdido.

O fato todo, do julgamento do Saddam, lembra a condenação dos líderes nazistas depois da perda da segunda guerra mundial. Na época o Hitler já tinha se suicidado e o julgamento se concentrou em meia dúzia de comandantes ainda vivos. O principal deles era o Hermann Göring, que ocupava o segundo posto mais importante do Reich. O julgamento foi longo e muito político. Göring assumiu a posição de grande líder vivo do nazismo e tentou no discurso mostrar pro mundo que o que eles fizeram foi estritamente o necessário pra Alemanha ter prosperidade. Em certos momentos do julgamento dizem que ele obteve admiracão da platéia e que o juiz, um preparadíssimo advogado americano, perdeu o controle da situação justamente pela tranquilidade que Göring colocava os fatos como necessidades para o sucesso do Reich, assim como citava exemplos de atos americanos que poderiam ser julgados e condenados. O engraçado disso é que Göring se colocou nesse posto de liderança depois de ter amargado mais de um ano de ostracismo e vício em morfina no período final da guerra. Dizem que ele se transformou em um grande mentiroso e fazia planos mirabolantes que todos viam que não daria certo. Ele apresentava esses planos nas reuniões de comando e todos ficavam discutindo loucamente enquanto ele saia discretamente da sala e voltava em dez minutos com um sorriso tranquilo nos lábios irrigados por opiáceos.

Enfim, no encerramento do julgamento ele foi condenado a forca, assim como Saddam. Mas durante os dias que antecediam a execução ele conseguiu uma cápsula de cianureto e foi encontrado já asfixiado.

Já o Saddam foi executado, teve seu pescoço deslocado e levou 3 minutos para apagar completamente. E isso foi filmado. E eu vi. Deus do céu.