Wednesday, December 27, 2006

Como é patético encontrar o próprio trabalho no portifólio de outra pessoa. Tsc tsc tsc...

Um conspirador sempre encontra pequenos detalhes que representam a ínfima parte de uma ameaça potencial. Pra isso que eles eram contratados na segunda guerra mundial: ganhavam a função de procuradores oficiais de problemas para os aliados. eles eram expostos a uma quantidade grande de informação e então eram motivados a fazer relatórios que deixassem sair de dentro da parte mais conturbada do cérebro algo impensável para um político ou um general. Assim eles encontravam padrões numéricos em anúncios de jornal, na combinação de número de letras x número da página. Coisas bem improváveis saiam desses relatórios. então os generais liam tudo, riam de algumas partes e se aproveitavam de algumas outras pra traçar planos de defesa. enfim, isso acontecia.

Aqui nesse blog, eu, como conspirador e resistente, me divirto encontrando pelo pelo em ovo em qualquer coisa, mas não costumo procurar nada na galinha lá de casa. Engraçado é que encontrei por acaso um algo-estranho que entrou para a minha lista de tentativas patéticas de apropropriação de trabalho alheio (é a última da lista das conspirações mais infer del mondo). Eu colocaria aqui o meu relatório detalhado com datas, nomes de envolvidos, mas achei melhor não explicitar nada porque podem surgir atrás disso outros casos semelhantes de outros trabalhos que tão no portifólio do cara e deixar o autor em saia bem justa, ou, no mínimo, sem portifólio.

Thursday, October 26, 2006

QUANTOS ANOS DE VIDA VOCÊ QUER QUE TENHA O PLANETA TERRA?

Eu e um milhão de pessoas estudamos a influência da atuação do ser humano no clima da terra e concluimos que tá foda e vai ficar pior. Nesses longos anos de estudo foram várias constatações: A mais indigna é que tem muita gente cagando pra isso. A mais perigosa é que os governos dos paises sabem que o problema tá ai piorando mas não farão nada até que a opinião pública dê apoio irrestrito a medidas drásticas de controle de emissões e tratem de criar contrapartidas ecológicas para a sustentação. A constatação triste é que cientistas são comprados por lobbys de empresas interessadas nisso ou naquilo e portanto seus laudos não tem valor. Estamos numa ruim, conclui-se.

Por isso criei um plano para salvar o mundo. A idéia é usar a crença que temos na democracia para decidir em conjunto o que vai ser desse planeta, ou melhor, quanto tempo ele vai durar. A decisão será nossa. Ao invés de deixar as coisas acontecer, vamos planejar o fim. Será um plebiscito mundial para responder a seguinte pergunta:

QUANTOS ANOS DE VIDA VOCÊ QUER QUE TENHA O PLANETA TERRA?

A votação vai ser no dia 20 de julho de 2012, o dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Até lá muito será discutido e você poderá saber muito mais sobre as possibilidades e debilidades do seu planeta.

Você responderá em uma cédula, traduzida para 347 línguas e dialetos, o período que você quer que o planeta tenha suprimento para a sobrevivência humana e das 14779 principais espécies. As opções serão:
- 40 anos
- 100 anos
- 200 anos
- 300 anos
- 500 anos
- tempo indeterminado

Conforme o resultado, medidas maiores ou menores serão tomadas. Por exemplo, se ganhar 40 anos, nada será feito. Mas se ganhar 200 anos, muita coisa vai mudar. E quem vai dizer o que vai mudar serão cientistas geneticamente modificados para não aceitarem propinas de empresas e governos.

Nesse meio tempo, procuro alguém mais bem relacionado do que eu para repassar a idéia para cientistas fodalhões que escreverão esse projeto com todo o embasamento necessário pra eu apresentar para a ONU.

Depois precisarei de testemunhais de apoio ;)

Monday, October 23, 2006

Dois filmes me chamaram atenção nos últimos meses:

Thank You for Smoking




Esse filme é um bacharelado em RP.

A beleza da retórica é que, se você segue um argumento com a lógica correta, você nunca está errado.


*****


Little Miss Sunshine



O filme é incrível, doce, verdadeiro, divertido. Sustenta a minha sentença que diz que "o mundo está loucamente a procura de verdades interessantes". Sem mais palavras.

Wednesday, October 11, 2006

Li isso em algum lugar

"É o cíclope, o gigante da mitologia grega, que tem um olho no meio da testa e a capacidade de ver fatos do futuro incluindo a própria morte. Ele é um ser recluso, isolado e temido. Não por ser feio, mas por ser chato. Porque depois de ver o momento da morte dele ele nunca conseguiu se desligar do fato e passou a viver pensando constantemente que morreria de tal jeito e em tal hora. Imagina-se que a morte dele deve ser muito terrível pra esse fato tomar a cabeça dele de assalto para sempre, mas o que se conta é que a morte não era tão diferente de todas as outras e que o problema dele foi não conseguir aceitar. Ele achou pesado demais o saber. Se por um lado é bom buscar na inteligência a capacidade de encontrar os detalhes, aqueles pequenos sinais que indicam que tal coisa vai acontecer desse ou daquele jeito, por outro é extremamente necessário usar a mesma inteligência e esforço pra desenvolver a capacidade de aceitar."

Friday, October 06, 2006

s + p + a + m

Até então não tinha percebido que a enxurrada de spams que invadem a caixa postal tem títulos que se complementam e formam um texto com lógica.
Isso chegou pra mim hoje:

Wednesday, October 04, 2006

A retórica como arma para atrair as luzes do picadeiro para si

Em tempos de eleicão e de discursos populistas, lembrei de uma figura que foi a mais idolatrada pela esquerda de rapina aqui no Brasil antes do Lula estragar o sonho de todos. Esse cara, o Noam Chomsky, agora é ídolo na Venezuela. Tá lado a lado com o Chaves pra gritar bem alto contra os EUA. O propósito de desmascarar porcarias do império do mundo é ótimo, mas também há outra coisa que salta aos olhos ao observar um pouco mais de perto lideres carismáticos e intelectuais brilhantes. Roger Scruton do Wall Street Journal escreveu superbem:


"Para quem o apóia, Noam Chomsky é um corajoso campeão dos oprimidos contra uma classe política criminosa e corrupta. Para seus oponentes, ele é um homem que se dá importância demasiada e cuja visão política unilateral é escolhida porque traz as luzes do picadeiro para si. E é impossível negar que seu hábito de ignorar os defeitos dos inimigos dos EUA para que possa apontar os defeitos de seu próprio país sugere que ele tem investido mais na postura acusatória do que na descoberta da verdade."

Com petróleo dá pra fazer até microfone

Aqui tem um discurso tri populista do presidente Venezuelano. Ele diz o que muitos queriam dizer numa tribuna onde as palavras alcançam o alvo.

Outro que disse coisas incríveis foi o presidente do Iran, Ahmadinejad naquela carta endereçada ao Mr Bush.

Monday, October 02, 2006

LOST IN ELECTIONS

Coincidência ou não, aluguei para assistir LOST um dia antes das eleições que pra mim foram as mais complicadas de votar. Me senti perdidão... sem candidato definido até a última hora. Pelos resultados, parece que eu não fui o único. Enfim.

A segunda temporada da série é vidrante. Ótima para assistir em DVD, pra não ter que esperar uma semana até saber o que vai acontecer no próximo episódio. Mal posso esperar para ver os episódios do 5 ao 8. Por sinal, vai sair uma grana assistir tudo em DVD alugado! A promoção lá no Beck Vídeo, para a primeira e segunda temporada completa, é R$155. Aceitarei a generosidade de algum feliz proprietário de uma cópia dos demais episódios.

Acho impressionante a capacidade da série criar e manter a curiosidade pelos próximos acontecimentos em níveis altíssimos todo tempo. Me lembra a explicação que Hitchcock dá a Francoise Truffot sobre ele ter desenvolvido seus filmes sempre fugindo do que se chama um roteiro "whodunit". Hitchcock criava suspense por mostrar o desenrolar dos fatos sutilmente relacionados a informacões que já eram de domínio do espectador, mas que não eram sabidas pelos personagens, diferentemente de apenas mostrar fatos que criam um suspense específico que ao ser revelado acaba com o interesse imediatamente. Um exemplo disso seria uma cena em que começa mostrando uma bomba-relógio, programada para explodir em 15 minutos que é colocada escondida em uma sacola e entregue a um menino inocente que é orientado por um adulto a entregar para um fulano em um restaurante, mas que por motivos cotidianos o menino perde o ônibus, se atrasa e caminha tranquilamente em direção ao seu destino sem saber que o tempo está acabando e que a bomba pode explodir em suas mãos. Dessa forma o roteiro fica carregado de sentimentos muito fortes pelo personagem e cada pequeno obstáculo, como trocar duas palavras com um amigo em frente a sorveteria, observar uma bicicleta na vitrine, enfim, torna-se motivo para grande ansiedade do espectador.

Parece que LOST conseguiu criar algo novo, tão interessante como a criação do Hitchcock. Muitos personagens, muitas histórias não reveladas entregues em doses exatas, descompromisso com a realidade, metáforas existenciais... não me arriscarei a tentar encontrar uma fórmula :)

Friday, September 29, 2006

Doce e piegas

Pela primeira vez assisti a um debate presidencial sem ter o meu candidato já escolhido. Nas outras eleições eu também assisti, mas com outro espírito. Em 89 assisti a todos os debates com vibração de jogo de futebol - meu candidato Mario Covas, apesar da minha torcida, não levou. Em 94 torci pelo FHC. 98 de novo. 2002 perdi com o Serra. Esse ano assisti ao debate por necessidade, pois estou insatisfeito com o governo do Lula e não havia encontrado ainda alguém como alternativa. Até ontem eu estava considerando continuar com o presidente, por acreditar que seria o processo natural das coisas, por acreditar que toda a corrupção que vemos era apenas mais transparência, por acreditar que seria necessário mais 4 anos para purgar algo que fizemos errado nos últimos sei lá quantos anos e levou a essa situacão perigosa que vivemos. Mas ontem o debate foi interessante. A ausência do Lula foi patética para ele - o mesmo cara que repudiou a atitude do Collor em 89 de não comparecer a debates repetiu o ato. Parece que a máxima pessimista que diz que política é a arte de se manter no poder faz sentido nesse governo. Triste ver que a frase do careca de SC que diz que a política é como o violão, se pega com a esquerda e se toca com a direita. Triste ver que as fórmulas se mantém aplicadas mesmo por aqueles que as repudiavam. Bem triste ver que eu estava acreditando que essa situacão poderia continuar por mais 4 anos... então veio o debate e resolvi ouvir com atenção a cada um dos 3 que compareceram. Ouvi atento a Eloisa Helena, mas não consegui superar o ranso que tenho em relação a visão dela que me parece ser imatura, sem deixar de ser louvável. Meu voto não foi pra ela. O Alckmin me decepcionou muito. Até me constrangi por ele ter sido pupilo do Covas (a quem sempre admirei) e ter apresentado tão pouca capacidade ontem. Encontrei, porém, o Cristovam Buarque que, no meu entender, foi contundente, que apresentou pensamentos coerentes e profundos que coincidem exatamente com o que penso. Por exemplo a visão dele sobre abrangência do conceito de corrupcão que envolve responsabilidade. Passei a acreditar na revolução doce e piegas que ele prega para o país. Enfim, farei parte dos 2 ou 5 por cento que terão percebido um caminho melhor ali.

Monday, September 25, 2006

TETRIS


Costumo comparar o funcionamento do meu cérebro com o de um computador. Isso é um clichê, até, mas sempre vem a minha cabeça a imagem de arquivos sendo reorganizados dentro da cabeça. Quem já pediu pro computador fazer um defrag e selecionou o modo de visualização do processo já viu como é - os milhões de quadradinhos de cores diferentes, todos misturados, vagarosamente trocando de lugar, sendo colocados lá em baixo, ao lado dos de mesma cor: vermelhos com vermelhos, verdes com verdes, azuis com azuis e assim por diante. No fim do processo a gente pode comparar como estava e como ficou. A bagunça vira organização. E a máquina anda bem melhor.

Acho que isso acontece com a cabeça da gente quando a gente descansa. Por isso muitas vezes fico ansioso por um fim-de-semana prolongado, pra dar tempo de reorganizar a cabeça e começar a semana numa boa, sem coisas guardadas no lugar errado pra atravancar. Mas geralmente os fins-de-semana e feriados são suficientes apenas pra um restart, o que não mexe na estrutura das coisas e não traz grande diferença pro funcionamento da máquina.

Agora, voltando de férias, depois de mais de 23 dias distante, sinto que além de fazer um defrag completo, deu tempo de até de jogar tétris com os quadradinhos lá de cima.

Ahhhh! que beleza :)

Friday, September 01, 2006

Rascunho de teoria econômica que quando for aplicada mudará os noticiários.

A gente ganha uns hábitos durante a vida. Um dos que eu ganhei foi ouvir políticos na TV e comentarista econômico. Por algum motivo eu gosto da raiva que dá ver falcatruas e bobagens (nessa ordem) serem defendidas com retórica bem aplicada. Sinto um borbulhar sanguíneo movido pela incredulidade de estar ouvindo bobagens transvestidas de certeza.

Sobre a taxa de juros, por exemplo.

A notícia que mais virou paisagem no Brasil é a elevação ou redução da taxa de juros. É tão presente quanto as variações climáticas e tem posição mais destacada, até, no quadro. Vejo e ouço explicações incríveis, muitíssimo elaboradas. E sinto muito raiva. O principal motivo é que todos falam do juros como algo matematicamente explicável, tipo uns números que teimam em não obedecer. Fulano vai lá e diz que não poderá baixar a taxa de juros mediante a ameaça de uma subida do juros americanos. Ou que a entrada de capitais ficará ameaçada se a taxa baixar mais do que 0,5%. Ou que o México puxou uma nova alta. Muita raiva! Eu queria que eles explicassem ou me dissessem algo mais FUNDAMENTAL. Tipo, por que a taxa do Brasil é a maior do mundo?

Esses dias, ao fone, perguntei isso pra um amigo meu que filosofa bastante e ele me explicou. Tento transcrever aqui parte da conversa:

"O problema do juros é de linguagem. O Brasileiro não sabe o que juros significa, por isso ataca os problemas errados. Juros em inglês é interest. Na tradução óbvia, significa interesse. E se você pensar na lógica econômica verá que as medidas todas que os economistas e políticos discutem são apenas formas de comprar o interesse do capital internacional. O governo aumenta a taxa de juros pra que o aluguel do dinheiro deles valha mais e por isso eles se interessam em colocar dinheiro na nossa economia. Mas o governo todinho esquece de pensar de forma mais ampla, que seria criar mais condições para que investimentons produtivos, no país, dêem certo. Pra isso teriam que alterar muito mais do que taxas e índices econômicos. Seria alterar inclusive coisas culturais."

Meio viagem, achei.

"Por exemplo, não faz sentido ter política governamental pra endividar a população. A que existe no Brasil dé espaço pra empobrecer muito a classe média e média baixa. No Brasil você vai numa loja e não vê o preço de um item anunciado e sim o valor da parcela, que pode ser de 5, 8, 12, 24, 36 vezes... Você vê uma TV de Plasma de 34 polegadas que você pode comprar por 36 vezes de 500 reais. Isso é uma lógica maluca, de endividamento, de atirar o problema pra frente e receber ele lá na frente com mais peso. É ruim. E ruim é que a sociedade toda aceita isso e até acha que isso é uma vantagem."

Pois é.

"Olha só: quem é o principal patrocinador do Programa do Faustão? É o Fininvest. Eles vendem a lógica do dinheiro fácil pra pessoas que tão precisando. E quem precisa, pega o empréstimo fácil-fácil, mas depois se estrepa pra pagar. E ainda leva pra dívida os avalistas. E assim vai. O Brasil virou uma sociedade endividada, que tá sempre correndo atrás, enquanto deveria ser uma sociedade com poupança. Se tivesse poupança o juros alto até seria positivo, mas aí ele não seria necessário."

Auhmm... Não me deu raiva. Será que faz sentido? Desligamos o fone com cordialidades. Então decidi assistir ao horário político. Mas aí liguei a TV e o Lula tava esclarecendo ao brasileiro que não se pode avaliar o crescimento de 0,5 do PIB como baixo... pois tem que se avaliar essas coisas de forma menos fria do que números e gráficos econômicos... o prazer, aquela raiva contida, aquele borbulhar interno se espalhou novamente no meu corpo.

Tuesday, August 15, 2006

Pensamento socialmente (quase) egoista

Tenho me flagrado com bastante frequência pensando numa comparação que não é nova, mas que parece bem coerente, ou até óbvia. Tem a ver com a posição do Brasil no mundo e com a nossa posicão dentro dos dois. Explicarei com o meu caso, que também se aplica a maioria das pessoas que eu conheço.

Eu sou um brasileiro sortudo e um ser humano geograficamente azarado. Como brasileiro tive a sorte de nascer numa família que teve boas possibilidades de me dar ótimas condições de saúde, segurança, educação, conforto, cultura. Enfim, tive o suficiente pra crescer direitinho, pra ser feliz e ainda gozar de algum bônus. Me sinto um sujeito sortudo nessa ótica. Mas também me sinto um puta dum azarado de ter nascido dentro das fronteiras do Brasil. Os motivos estão na TV diariamente. E são reforçados quando a gente percebe que é renegado no mundo, que não tem o mesmo respeito nas fronteiras, que somos, de certa forma, os pobres que querem forçar a entrada.

Talvez isso seja um pensamento pequeno-burguês (lembrei dos Carbonários :), mas é a minha realidade.

O pensamento se torna relevante quando penso que a coisa pode apertar no Brasil. Quando leio as notícias, principalmente as que tem a ver com justiça e política, sinto que vai ser difícil o Brasil retomar a ORDEM. E nesse caso, se eu não quiser colocar a mão na massa, mudar de profissão e assumir uma postura de liderança, o que me restaria seria sair dessa fronteira e exercer minha profissão noutro lugar.

Ainda me pergunto como.

Friday, August 04, 2006

Sobre a vida normal em Beirute.

Anthony Bourdain é um jornalista do Travel Channel que foi fazer um programa de TV em Beirute. Seria algo sobre culinária, estilo e outras amenidades :) no padrão People&Arts. Ele pretendia mostrar como Beirute tava legal para o turismo, como tinha ruazinhas interessantes, cheias de estilo próprio, que representavam a personalidade de um país que sofreu anos com guerras e destruição e soube reconstruir a vida social.

Porém no dia que ele chegou foi quando começou o revide israelense. E ele não pode fazer o programa nem ir embora de lá porque os aeroportos foram fechados e suas pistas de pouso destruidas. Se não fosse isso ele nos mostraria porque Beirute era chamada de "Paris do oriente".

Essa é uma parte que acho interessante que copiei já traduzida do blog do Pedro Dória:

"De início, a festa não parou. Quem é de Beirute gosta de dizer (verdade ou não) que não deixaram de sair e festejar durante toda a Guerra Civil. Não era cool buscar abrigo quando havia um bombardeio. Nós ‘não devíamos nos preocupar. Todas as boates têm geradores próprios.’ Naquela noite, continuamos a gravar (e a beber muito) na festa de abertura do Sky Bar, agora em novo local, uma boate numa cobertura com vista para o Mediterrâneo. Gente endinheirada de Beirute – todos, parecia, eram jovens, sensuais e incrivelmente bonitos – bebia Red Bull com vodka e se mexia (se é que não dançava) conforme os jatos israelenses sobrevoavam ameaçadoramente baixos. Não fossem os caças, pareceria que estávamos em Los Angeles ou em South Beach, Flórida."

Sobre a incrível incapacidade humana de entender o significado de palavras que não são nativas da realidade de quem as usa.

Ontem, numa conversa, falei que o ataque das últimas 24horas do Hezbolá sobre Israel se resumiu a 200 mísseis. Falei isso em tom zombateiro, como uma forma de ilustrar o que eu penso sobre a guerra. Sobre a guerra ser mais para ver do que para sentir. Na lógica de que a TV mostra os piores fatos, os grandes bombardeios, as cenas mais cinematográficas, as fatias mais impressionantes. E quem está lá no pais em guerra não vive aquilo que a gente enxerga na TV.

Bom, essa noite foi diferente, pelo menos pra mim.

Certo momento eu tava em uma casa, um lugar muito bonito, perfeitamente decorado pra sentir como se tivesse em uma ilha, talvez vizinha à Ilha da Fantasia. Eu a a Martina estávamos na varanda e espiávamos para dentro da casa através dos janelões de vidro. Dentro parecia quente, muito aconchegante e estávamos prestes a entrar. Então vimos uma flecha cruzar o céu, longe, bem distante. então adivinhei que era um míssel. E depois veio outro e mais dois, riscando o céu em caminhos quase idénticos. Então eu tava numa lancha offshore curtindo a vida no paraíso. Por uma fresta vejo o painel de controle do barco, uma espécie de radar meteorológico e nele está um ponto em movimento na direção do centro radial. Me vejo ameaçado. Então corro para avisar e ordenar a fuga, corro para buscar a Martina, corro sem sair do lugar. Então enxergo o míssel com fuselagem branca e detalhes em vermelho em rasante sobre o mar azul escuro. Sei que ela tá rápido mas enxergo devagar, apesar do ponto de referência das montanhas. Percebo que ele está mesmo devagar e que eu estou também, que todo o mundo entrou em câmera lenta, numa velocidade que permitiria ao meu cérebro processar o que estava acontecendo e encontrar um plano de fuga. Então eu tava no proa sem chegar a conclusão alguma, sem entender por que um míssel está me perseguindo. Entre esse pensamento e outro foi como duas horas e senti minhas pernas moverem-se na velocidade das tartarugas fora dágua e abracei a Martina e falei pra ela que se vamos morrer vamos ver o lado bom. E vi a minha vida não como um filme, mas como uma sentença que dizia algo como "Parabéns pelos seus dias, me orgulho de você. Você foi um aprendiz que pode passar de fase" acompanhada de imagens que não se solidificaram sobre o convés. O míssel tava vindo e eu tava no controle da lancha. Manobrei uma curva fechada. A lancha tinha a desenvoltura de um caça e ao meu lado tava a instrutora de astrofísica aplicada a aviação, Charlotte Blackwood. Então eu tava de volta a ilha, no patio da casa, buscando lenha quando explodiu um cogumelo no horizonte. O alívio da última fuga sumiu e senti medo da sorte. Corri acompanhado de alguém para entrada da casa, que estava fechada. Pulei muros e encontrei outras pessoas correndo. Era noite e eu queria paz, queria dormir tranquilo. e outro míssel passou voando e caiu perto. E outro, e outro, eram dezenas e eu estava jogando batalha naval e correndo. Pulei uma cerca e senti areia no pé descalso, acendi a lanterna, a Martina gritou que não! E enxergo na beira da praia um grupo de fugitivos cubanos preparando uma balsa e um deles corre na minha direção. É um cachorro que pula e tenta me lamber e eu esquivo e ele some. E corro. E uma dúzia também corre. e o míssel tá chegando... de novo e de novo.

E o sonho continua tirando a minha paz, consumindo o tempo que tenho para descansar, estragando o prazer de não sentir nada. E acordo com a nítida impressão de que tudo foi um sussurro de alguém preocupado com a minha incapacidade de entender o que significa terrorismo.

Tuesday, August 01, 2006

narrow, shallow, sensational

Dizem que as previsões são uma forma de escrever o futuro. Esse vídeo enxerga até 2015, projeta o lançamento de um sistema chamado Epic. Vale ver. Porém dizem também que esse vídeo foi encomendado como uma peça viral pelo Google, pra aplicar na memória coletiva que no futuro são eles que vão vencer a batalha da conversão das mídias. :o

Monday, July 31, 2006

Agora entendi

Eu não tinha entendido nada dessa crise entre Israel e Líbano. Li e vi todas as notícias, mas estranho é que nenhuma traz a causa... porém hoje recebi um email de um amigo de lá que me explicou dum jeito que deu pra entender.

É ele me escrevendo:

"O fato é que Israel ficou puta da vida que o governo do Líbano não teve força suficiente pra controlar as ações do Hezbolá nos últimos tempos. Em rápidíssimas palavras (não sei se tu sabe) o Hezbolá é um grupo armado parecido com o que o Hamas é para os Palestinos, e um tanto parecido também com o Al Qaeda, que tu sabe bem o que é. Pra tu entender, o Hezbolá surgiu em 1982 pra defender a fronteira do Líbano de uma invasão israelense. 18 anos depois Israel cedeu e saiu daquela faixa que chama Fazenda de Cheeba. Dali em diante o Hezbolá assumiu função coadjuvante no país, saiu da mídia, mas não deixou de fortalecer sua milícia e continuou em crescente popularidade (eles são algo parecido com o que seria o MST, se os inimigos deles fossem, digamos, ao invés dos agricultores brasleiros, os argentinos). Bom, agora, nos últimos meses o primeiro ministro-israelense começou a enfrentar um problema de difícil solução que acabou revelando-se causado pela ação de guerrilha do Hezbolá. É estranho até de dizer,... mas o que acontece é que o primeiro ministro é viciado em comida árabe e o Hezbolá descobriu isso. Então eles usaram suas táticas de guerrilha pra impedir que suprimentos de kibe, Homus, folhas de hortelã, cebola, azeite de oliva e queijo de cabra chegassem a residência do cara. Ele, o primeiro ministro interino (desde que a cabeça do Ariel Sharon vazou), que se chama Ehud Olmert, sofreu uma crise de abstinência de derivados de grão de bico, que afetou suas faculdades mentais. Mas como ele é bem poderoso por aqui, ninguém foi capaz de retrucar o cara. A não ser a Condoleeza Rice e o presidente Bush, que já declararam ser contra os ataques. Mas como não deu muito certo o pedido americano, eles resolveram envolver a ONU na jogada, que prontamente providenciou a chegada de diversos aviões carregados de kibe cru, kibe frito pré-pronto, Homus, rolinho de repolho recheado com carne e bolinho de semolina com calda de flor de laranjeira. E por aí tá seguindo as negociações de paz.

Enfim, cara, essas crises diplomáticas, só estando bem perto pra entender... :("

Thursday, July 27, 2006

Um título qualquer pra marcar a presença de um ótimo texto anti hipsteria

Aimee Plumley é uma new yorker que odeia os pós-modernos-
bem-vestidos-instruidos-seguidores-de-uma-sub-cultura-original. Esse texto é um clássico dela (ela é o pseudônimo de Brian, um escritor de 25 anos) que exemplifica uma das coisas que incomoda no contato com modernos pretensiosos.

MAKING MUSIC MORE COMPLICATED THAN IT IS - A ROOFTOP SOMEWHERE IN GREENPOINT

John, 25, is a classical musician. Billy, whom John and I just met, is a hipster and a self-described 'musicologist.' John, a violinist, was educated at Juliard. I rarely ever get a chance to see him, but he happened to be free this night, and we happened to find ourselves at this house party, which was relatively hipster-free until we got to the roof. John's smart and handsome, but he's definitely not a hipster, and he doesn't like to tell people he's a violinist because he thinks it makes him seem dorky. Billy turns to us, his feeble little mop-head swinging languidly on his pale Midwestern neck, and slurps from his beercan. "You guys listen to music?" The tone is one of classic hipster faux-nonchalance, think James Dean thumbing his sideburns (gag), burping, smiling about something we don't know about, shaking his head. And this is chit-chat, this is back and forth, at least one would think so. But it's not, and I can already tell this isn't a question. This is a monologue; this is Billy's monologue, dressed up like a question. But John isn't a hipster. He doesn't have the pop culture burden that I have inexplicably gathered, one that allows me — that forces me — to differentiate between these 'types' of people. John's not cynical like me. Whereas I would have answered "No, I don't listen to music at all," John answers, enthused, "Yeah man, definitely!"
Billy's head swings again toward us, "Good, music's cool."
Billy's wearing a black T-shirt with a tear near the bottom, on the front it says "Dragons '86" in crumbling white silkscreen. He's wearing blue jeans and expensive diesel sneakers. He's got a 'tribal' tattoo on his right arm, which he's holding himself up with.
"Yeah, definitely," John says.
"So, what kinda music do you guys like?" Billy asks.
"Oh, I dunno," John says. "Rock I guess."
Billy sneers. He's getting warmed up.
"Cool man. Very cool," he says smiling. "So, ah, what kinda rock do you guys listen to?"
"Well, it's not just rock," John says. "I mean, I listen to all kinds of stuff. You know, a little of this, a little of that."
Billy switches arms. He's closing in on us, he's smiling.
"That's totally cool man, totally cool," Billy says.
"I guess so." John says, and looks at me, questioning. I shrug.
"So, like, what bands do you guys like?" Billy asks.
"Oh, uh, I like… well, hmm. I've been listening to all kinds of stuff lately. I like Radiohead."
Billy tries to look respectfully at John, but he can't. He's like dog taking a shit, once he's started, he can't stop. "Yeah, Kid A was alright," Billy says, his eyebrows raised in simulated empathy. "I mean, it was kind of a rip-off of Aphex Twin, but whatever."
"Um-hm," John says. But he's never heard of Aphex Twin, he's never heard of Kid A either, but he gathers it's some Radiohead song. "I dunno, I mostly hear them on the radio, so I don't really know any song names or anything. I like the guy's voice though."
"Oh yeah?" Billy asks. "Tom York, what a pud. I didn't know they put out any singles for that, since it was kind of avant. Fuck, I don’t listen to the radio, so I wouldn't know. I don't even have a TV."
"Oh yeah?" John asks.
"Yeah man," Billy says. "I'm kind of a musicologist."
"Oh, great!" John says. "So, uh, what kind of music do YOU listen to?"
"Shit man, I listen to everything. You guys listen to Emocore?"
"I dunno," John says. "What is that?"
"You ever hear of the Get Up Kids?"
"I don't know" John says.
"Oh, how about Death Cab For Cutie?"
"Nope." John says.
"Oh," Billy says. "Well, Emo is like, it's like Emotional, you know?"
"Like how do you mean?"
"Like, have you guys ever heard of Sunny Day Real Estate?"
"Don't think so," John says.
"Oh. Well Emo is like pretty hard stuff, with emotional lyrics."
"Oh." John says.
"Yeah, it's cool. You guys ever heard Jimmy Eat World?"
"I don't think so." John says.
"Shit man, what about At The Drive-In?"
"Nope" John says.
"Minor Threat?"
"Umm, I've heard of them."
"Embrace?"
"Nope."
"Hot Water Music?"
"No"
"Weezer?"
"Oh yeah!" John says. "Didn't they have that one video with the Happy Days thing?"
"I dunno." Billy says. "I don't watch TV."
"Oh yeah."
"Well, Emo is like pretty dynamic and shit. It's kinda like Indy rock, but it's more like Post-Punk, like Progressive and stuff."
"Hmm." John says.
"What about Rites of Spring?"
"Nope." John says.
"Yeah," Billy says. "Weezer's like the most commercial of the Emo bands, they're new album kinda sucks."
"Oh yeah?"
"Totally."
"They got that dude from that one group, you know that 80s band, The Cars?"
"Yeah," John says. "The Cars."
"Well they got that singer to produce this album and it totally sucks."
"Oh, too bad." John says.
"Yeah, but they sold out anyhow."
"Oh." John says.
There's a break in the conversation now; the three of us stare up at the sky. Billy's looking contented and ready to continue educating us about music.
"So shit man, you should check out some Emo dude," Billy says. "I guess you don't listen to music much huh?"
"Yeah. Maybe." John says.
"So like, what do you do anyway?"
"Oh," says John. "I'm a professional musician."

Monday, July 24, 2006

Pra Não Dizer que Não Falei dos Hipsters ou A Cultura do Falso Desapego às Pequenas Conquistas da Vida ou A Nova Vaidade Mais Velha Que a Vó Odila

Uau. Os hipsters. Será que é cool falar desse assunto? Hmmm, acho que não muito, que alguns assuntos são parte do espiral do silêncio natural que se forma no círculo de afirmação social. Mas também acho que entender esse termo ajuda a entender grande parte da sub-cultura que a gente adora. E como a gente se relaciona com ela. E como a gente faz parte da massa sem se sentir nela. E que isso não é ruim, é bem normal até. E que o Humberto Eco deve ter alguma razão quando se preocupa com o futuro e a pulverização do conhecimento informal. Mas que a razão não é de todo preocupante. Porque esse termo parece um antídoto que funciona pra quem acredita que identificar um problema é a solução em si. Pois a partir disso podemos aplicar boas doses de auto-ironia.

(Acho também que é divertido enxergar problemas como um questão/caminho interessante de ser resolvida/percorrido e não como um fator causador de transtorno)

Ahhh, pra saber mais pergunta pro oráculo.

flash mob. uma "busca" pra comprovar a facilidade de levar uma galera a desindividualização.

Bill Wasik é o cara que inventou os flash mob. Foi ele quem criou a conta fictícia de um hotmail qualquer, enviou para a sua caixa postal e dali para seus contatos internéticos. Foi em NY, onde ele é editor da revista Harpers. Diz ele que a idéia foi realizar uma experiência pra provar a falta de consistência da cultura contemporânea e a força da internet na desindividualização. Imagino que ele enxergou um vazio e quis brincar de ter poder. Fato é que andou um email pra 60 da sua lista que acharam superlegal a idéia e repassaram para outros tantos. No horário marcado um grupo grande tava lá e também no horário marcado o mesmo grupo saiu. As pessoas que estavam desavisadas no local não entenderam nada. E os participantes acharam superdivertido. A falta de senso fez sentido pros presentes: o sentido de se sentirem parte de um grupo restrito, o grupo dos que sabiam onde seria aquele evento, o grupo que só tem acesso por mérito de fazer parte da lista do fulano. Divertido, o evento tomou o mundo. Era superlegal ficar sabendo em tempo de estar presente no acontecimento. Muitos flash mob foram puxados por fotógrafos que documentaram momentos interessantes de pessoas fazendo algo estranho, num local público, exatamente ao mesmo tempo, sem explicação, coisas do tipo: se ajoelhar em frente ao um grande dinossauro de brinquedo numa loja de departamentos e entoar um salve. A cara dos desavisados devia causar boas risadas. Uns caras começaram teorizar seriamente sobre a coisa. Surgiu artista plástico pacas chamando eventos falhados que se propunham ser parte de um estudo sobre a efemeridade na arte. Mas eles tavam atrasados, tentando apenas, já fora da bolha divertida que passou. Enquanto isso o Bill, imagino, olhava o acontecer da invenção com uma vontade enorme de revelar a autoria e ganhar alguma glória extra. Diz ele que manteve segredo absoluto até há pouco tempo, quando reinvindicou a autoria. Interessante o fato e a força dele guardar a informação por tanto tempo. E, ao revelar, ser reconhecido (pelo menos uma capa da Ilustrada da Folha de SP). Engraçado também é que se você procura por referências dele, todas dizem algo como: Biwasik, o cara que inventou o flash mob. Mais engracado ainda é que ele tá ganhando as glórias por algo que foi justamente pra comprovar a superficialidade da cultura.

Isso porém não é uma novidade. É algo comum na história - o uso das massas. Um grande feito, de um grupo compenetrado, puxado por um líder carismático, seguido de posterior revelação de um interesse individual transfigurado em interesse comunitário. Fora uma lista enorme de guerras, revoluções e conquistas, existe o exemplo moroso da política atual e dos movimentos sociais. Triste comparação diária nos noticiosos. Interessante e divertido é a prova do embasamento do inventor do flash mob: de que o fenômeno da desindividualização também atinge quem é cool.

Carta aberta a RBS

O Hagah não funciona. Ponto.

Thursday, July 20, 2006

A Igualdade dos Gêneros aplicada a Gentileza. Um estudo da evolução da sociedade com foco na observação do uso dos sanitários.

Existem algumas coisas que tão sendo muito mal interpretadas na evolução da mulher na sociedade. Ao mesmo tempo que elas ganham o espaço merecido (diga-se: igualmente merecido) em todas as áreas que antes eram reservas do homens, inclui-se aí os prazers e outras liberdades que antes eram reprimidas, elas estão fazendo uma coisa que o homem costuma fazer muito (e deve ser condenada) e que pode ser representada por um ditado popular: deu a mão agora quer o braço. Isso aplicado em coisas cotidianas. As gentilezas, por exemplo. Algumas estão virando regras. Veja bem, dizem quando você vai ao banheiro é absolutamente condenável deixar a borda do vaso sanitário levantada. Pergunto-me por que? E, por estar fazendo aqui uma análise comportamental, deixarei de lado as argumentacões em relação a higiene, até porque eu concordaria com todas. Vamos a um exemplo: uma mulher chega na casa de cinco homens, vai ao banheiro que está com a tampa e borda levantadas, ela baixa a borda, usa para fazer xixi e sai do banheiro deixando a borda baixa. Ela vai em direção a um dos moradores (o mais íntimo dela, imagino) e sugere, em tom de professora de etiqueta, que seria educado da parte deles deixarem a borda baixa. Wrong! Wrong! Wrong! querida madame, responde ele. Aqui somos todos homens, usamos o banheiro para xixi e para cocô, mas a proporção de xixi é 7 vezes maior do que a de cocô, o que indica que 87,5% do uso daquele vaso sanitário, considerando que temos pênis, deve ser feito com a tampa e borda levantadas e que, por isso, a preferência do grupo é de manter a tampa levantada e baixá-la apenas quando forem usar em posição sentada. Conclui-se então que a mulher reclamou um direito que não é seu. Que ela pediu para ter preferência em um espaço que ela poderia estar oferecendo a gentileza.

O homem poderia dizer a ela que, na próxima vez que ela vier a casa deles, ele vai fazer o possível para se lembrar da preferência dela a borda baixa. E que em todos os outros ambientes que ele compartilhar o banheiro com mulheres ele fará o mesmo. E que ele vai considerar isso uma gentileza sua e que ele vai esperar que ela faça também a gentileza de entrar no revezamento que vai permitir ao home e a mulher uma igualdade amigável de vezes que um se incomoda com o fato de levantar ou baixar a borda.

Wednesday, July 19, 2006

Sobre a boa sensação que é sonhar e a relação disso com a hora de acordar.

Já escrevi sobre isso lá no dia 28 de junho, mas deu vontade de pensar no assunto de novo depois que vi o filme da Folgers e os anúncios que lembram aquele raciocínio.

O sonho é uma sensação bem estranha que as vezes deixa a gente se perguntando por que coisas tão absurdamente diferentes se juntam. E ainda que o esforço racional insista em juntar o isso com o aquilo de forma a fazer sentido, as vezes não faz sentido algum. Ao menos no nível da compreensão que aceitamos. Então desisti de caçar significados e passei a apreciar o significante. Compreendi que quando a gente se desapega da vontade de compreender o sonho ele passa a ser um companheiro muito interessante. Algo como uma TV a cabo particular, um HBO só meu que passa só o que quero ver ou então o que eu não quero ver. Não existe programação irrelevante no sonho. Talvez por isso é tão bom dormir. E talvez por isso que tem dias que é mais difícil acordar. Nessas manhãs preguiçosas geralmente o sonho é bom, tão bom que a gente não quer sair dele. Aí é legal pensar em alguma coisa boa da vida real. Parece ser um antídoto contra o sono. É algo como dizer pra vc mesmo que já viu aquele filme e tá na hora de captar algo novo pra usar na edição da noite seguinte. E deixar os neurônios couch-potato ocupados com a ansiedade pela próxima programação. Tem uns sonhos, porém, que são incrivelmente difíceis de sair. Um em especial vem sempre pra mim. Na verdade são sonhos completamente diferentes mas em todos eles eu estou voando. Vô em saltos, não com asas. Algo como uma junção dos saltos do Karas (assitente do Dr Gori, inimigo do Spectreman) + homem na lua + O Homem do Fundo do Mar + minha aulas de natação subaquática do tio zú + um pouco de lógica física + a observacão dos animais rastejantes + flúidos se comportam como flúidos. Enfim, é tão bom esse sonho. Nesses dias eu chego tarde no trabalho.

Monday, July 17, 2006

Desconhecido desenvolve método inusitado de se dar bem em família no sábado a noite.

Soube nesse sábado (fonte segura) de uma falcatrua que uma família inventou pra curtir um sábado de fartura. Vejam bem a criatividade do nosso povo, o senso de oportunidade, a esperteza, o famoso jeitinho brasileiro em ação.

Foi um casamento granfino num clube de Porto Alegre. Mais de 300 convidados. Tudo muito bem pensado para comemorar a união do casal em grande estilo antes da viagem de lua-de-mel pra europa. Enfim, puta festona, muito bem regada, muito bem servida, todos muito bem vestidos. Inclusive essa tal família, composta de pai, mãe, duas filhas e um filho.

Não perguntem-me como, ninguém sabe bem como, mas os cinco entraram no salão numa boa, sentaram numa boa e se misturaram aos convidados. A família da noiva achava que eles eram amigos do noivo e a família do noivo pensava o inverso.

Sem contratempos, eles comeram da entrada a sobremesa, aproveitaram cada uma das delícias, cantaram vivas aos noivos e dançaram felizes. Afinal, se não fossem a forra, como todos os outros convidados, ia dar na vista. Chegou o fim da festa e eles foram pra casa sem ninguém descobrir que eles era penetras.

O caso se tornou um caso quando, depois da lua-de-mel, os noivos começaram a reunir amigos pra contar da viagem, saber dos bafões da festa, mostrar as fotos... Devagarinho surgiu a dúvida de quem era aquele senhor? e aquela senhora? e aquelas crianças? ninguém sabia responder. Mesmo assim o fato ficou em segundo plano até que alguém implicou que aquela família devia ser muito próxima do noivo ou da noiva... que deviam ser amigos muito íntimos...? que a identidade secreta da família devia ser uma brincadeira que os noivos estavam sustentando...? ou, que diabos?... Afinal, como não saber quem tinha ficado com a responsabilidade de passar o chapéu que recolheu doações para a viagem?

Foi então que a a verdade pipocou: Não havia chapeu! Ao menos, não havia chapéu passado pelos noivos, nem pela família deles, nem por ninguém que eles conhecessem.

:o

Friday, July 14, 2006

Thursday, July 13, 2006

Erro fatal

A violência não fazia parte tão presente da vida da gente. Era mais coisa pra se ver do que pra sentir. Quando criança eu via a guerra Irã x Iraque na TV e pensava como aquele povo poderia viver no meio de tanta loucura e decadência. Soube depois - ou ao menos passei a acreditar - que as imagens que apareciam na TV eram pinçadas dos momentos de maior violência, eram fatias quase enganosas da realidade daquele país. Porque depois vi documentários que mostravam iranianos e iraquianos (cada um no seu país) indo a escola, ao escritório, fazendo compras, vivendo a vida normalmente, no mesmo território onde se via violência terrível. Foi estranho concluir que realidades distintas compartilhavam do mesmo espaço. Causou estranheza ver crianças com metralhadoras na mão, prédios cravejados, automóveis em chama e saber que nesse mesmo espaco tinha gente como a gente numa vida quase normal. De qualquer forma, isso era violencia pra mim. Uma coisa distante.

Por aqui o que me assustava era ter o meu Casio roubado na esquina da Fernandes Vieira com a Vasco da Gama, na volta do Rosário. Antes disso eu morava em Ijuí e nada me assustava. Bem, o bebê de rosemary me apavorava. Depois comecei a ouvir falar de sequestro, estupro, assalto com reféns, e um monte de outros crimes foram surgindo e se tornando mais presentes na mídia. Porém essa violência tava dentro da tela da TV e nos jornais, nos livros Olga e Brasil Nunca Mais e talvez no relato de um amigo do amigo do amigo que sofreu algo.

Assim como a guerra Irã x Iraque, a violência era à distância. E eu diria que ela poderia ser limada da vida da gente ao ficar alguns dias sem ver jornais. Diferente de hoje que a violência acontece descaradamente e assusta até quem não assiste TV.

Semana passada eu chegava aqui na Globalcomm e um colega, o Adriano, me encontrou no elevador (ele tava ofegante) dizendo que acabara de ver um caroneiro de uma moto disparar diversos tiros em um carro, ao lado dele, a uma quadra daqui, na esquina do Caixeiros Viajantes, na rua Dona Laura. Contou que o trânsito ficou maluco, carros passaram por cima da calçada, deu um engarrafamento chato que fez a Martina se atrasar e... o dia continuou. Em horas o fato tinha sido digerido e eu nem pensava mais nele. Penso agora de novo e descubro que isso não sai da cabeça da gente, não. Fica tudo acumulado e incomodando, batendo, esperneando, como se dissesse pra eu não aceitar, lutar contra, ou fugir. Assim como volta a minha memória que o meu apartamento foi arrombado, levaram jóias e meu powerbook e segunda-feira levaram o rádio do meu carro, que tava com a Carolina.

Enfim, o Brasil tá foda. Tá impossível. O meu otimismo está acabando, minha crença de que era possível mudar, de que, se tivéssemos os governantes certos a coisa engrenava, a mesma crenca que me fazia ser político a ponto de puxar passeatas em Ijuí, de bater ponto no comitê de campanha do Mario Covas, essa força otimista de acreditar que se você fizer certo vai dar certo, tá perdendo.

Viver aqui dá uma sensação de erro, algo como uma mensagem de alerta de computador antes do programa realizar um erro fatal e fechar.

Wednesday, July 12, 2006

Bia Falcão ensina a viver no Brasil.

Ontem fui consultado, em um grupo do qual faço parte, a dar minha opinião sobre o envolvimento desse grupo em uma ação proposta por uma empresa que tem a sua frente um cara que, no passado médio, fez o que eu chamaria de falcatrua intelectual. Esse cara apresentou em entrevistas de emprego, onde ele buscava uma vaga na direção de arte de agências aqui de POA, duas peças publicitárias minhas e algumas outras peças de outros profissionas conhecidos meus, como sendo criadas por ele. Ou seja, ele se apropriou indevidamente do meu trabalho intelectual e quis ganhar vantagens (um emprego) com o esforço que não foi dele. Agora ele propõe uma acão muito interessante de parceria com esse grupo que faço parte, e estamos tentados a aceitar essa ação, mediante a boa premiação que é oferecida.

Então ficou uma questão ética no ar. Aceitar a boa proposta e esquecer o passado? Não aceitar como veredito de um julgamento? Conversar com a pessoa e esclarecer o fato do passado antes de tomar a decisão?

Apesar da lógica me levar à última opção, algo me diz que o fato de viver no Brasil não permite tal coisa. Me parece que a falta de conceitos básicos de ética, a falta de memória coletiva, a completa falta de punições, o quadro caótico que vivemos, tudo isso e muito mais me faz ser previdente e não acreditar na versão, nem sequer na acariação olho-no-olhoi. Me faz sentir a necessidade de avaliar exclusivamente o fato, sumariamente.

Afinal, existe a máxima consagrada na última semana por uma brasileiríssima:

"A VERDADE É RELATIVA E TEM MUITOS FATOS. MUITOS FATOS.
TUDO DEPENDE COMO A HISTÓRIA É CONTADA"

O Brasil.

Hoje de manhã tomei café no Listo, ali na Padre Chagas. Sentei na mesa enquanto a Martina foi pedir dois farroupilhas e dois café-com-leite. Na mesa, a minha frente, tinha um grupo de quatro pessoas, uma delas muito falante, com uma voz estranhamente aguda, prendia a atenção dos outros três, e a minha por instantes. Acompanhei o papo por uns minutos até entender que os três eram jogadores de futebol, o que se tornou óbvio quando observei os trajes e os cortes de cabelo. E o outro, da voz esganiçada, juro que era o empresário. Vestia terno risca de giz e pregava um papo glamourizante sobre os três humildes. Coisas do tipo "agora que tu tá na calcada da fama tu vai ver o que é mulher bonita", "roupa!? ah... vocês não viram nada... semana que vem a gente passa na Conte Freire. Vocês nunca viram atendimento tão profissional. hahaha!", "tem uma joalheria em São Paulo especializada em cruz. Fazem de ouro, diamante, platina, sabe platina?" - "Platini, o francês, to ligado! - disse sorrindo o do cabelo desenhado. Todos gargalharam. Três deles em êxtase, com um anzol na boca.

Enfim, uma manhã qualquer nesse Brasil idolatrado.

Tomei meu café, comi meu farroupilha e fui fazer valer esse dia útil.

Tuesday, July 04, 2006

Talvez a internet seja o grande golpe do Lex Luthor.



Isso é o que diz Mark Friedman, uma americano qualquer que vive em Talahasse, FL. Diz ele que o onze de setembro que o mundo viu há 5 anos mostrou que a realidade pode ser mais cruel e suspreendente do que a ficção. E que em breve nos surpreenderemos novamente com algo tão grandioso no mundo virtual. Mark diz que acontecerá uma espécie de bug do milênio programado que vai desestruturar o mundo em proporções catastróficas. A internet, segundo o cara, que é um estudante da Florida State University, está ganhando confiança crescente de empresas e público em geral a ponto de todos confiarem aos seus servidores informações vitais, tanto para a estabilidade do sistema financeiro, jurídico, quanto para questões de estabilidade emocional ligadas a dependência do mundo virtual. Diz que tal profundidade de envolvimento está sendo monitorada e que no momento certo será iniciado um processo de destruição do sistema em etapas calculadas para não ser percebido como um grande golpe até que o mundo perceba que não há mais possibilidade de retorno. Nesse momento haverá uma ação direta ao sistema bancário que fará todas as contas serem redistribuidas igualitariamente. E, sem nenhum tipo de comunicacão depentente de sistemas digitais, sem registros jurídicos, sem formas de realizar uma coordenação global, pouca coisa poderá ser feita para reestabelecer a ordem atual.

Monday, July 03, 2006

Cada time tem a propaganda que merece.



Bendito sea el mundial con que soñamos
Bendito cada nombre que ha sido designado
Bendito los pibes que siempre sacamos
El peso de la historia, el respeto ganado
Maldito sean los recuerdos dolorosos
Maldita la impotencia, la injusticia que vivimos
El volvernos a casa cada uno por su lado
Las finales sin jugar y quedarme en el camino
Bendita la anestesia general a los dolores
La tristeza que curamos con abrazos
Las gargantas que se rompen por los goles
El sentirnos los mejores por un rato
Malditos los sorteos y los grupos de la muerte
Los controles sin azar que asignaron nuestra suerte
Malditos los mezquinos que juegan sin poesía
Los que pegan, los que envidian, los que rompen y lastiman
Bendito sea el orgullo con el que entramos a la cancha
El potrero y la pelota no se machan
La TV que repite la gambeta
Inflar las redes de los otros, inflar el pecho de los nuestros
Merecer la camiseta
Los turistas, los cronistas, los sponsors, los amigos, el himno
y las mujeres siguiendo los partidos
Bendita las cabalas que dan resultado
Las risas y el llanto que guardaremos tanto
Y bendito ese momento que nos regala el fútbol
De poder cambiar nuestro destino
Y sentir otra vez y frente al mundo
LO GLORIOSO Y LO GROSO DE SER ARGENTINO!!!

Quilmes. Del lado del corazon.

A incrível mentira que perdeu a Copa.

Eu, que não acompanho futebol, que não jogo nem playstation, que não sei bem a diferença entre Barcelona, Arsenal e Real Madrid, vi há 7 meses, o impossível acontecer nos pés do craque Ronaldinho Gaúcho. Ele calçou uma chuteira e engatou uma série de embaixadas com domínio de bola que o mundo não imaginava ser possível. Conduziu a bola com malabarismos perfeitos e chutou para o gol, a bola voltou nos seus pés e ele chutou de novo e o mesmo aconteceu mais 3 vezes. E a bola não caiu nenhuma vez, esteve sob controle do craque como um animal domado a chicote num circo. Incrível.

Só que aquilo que meus olhos viram era de mentira. O controle da bola não era proporcionado pelo sorridente Ronaldinho Gaúcho. Óbvio! Dããã! Como uma cara, mesmo que o melhor jogador do mundo, poderia fazer aquilo...? Teria que ser muito preciso, milimetricamente preciso, pra cada um dos chutes acertar o travessão e voltar exatamente nele... é certamente impossível. Aceitei isso, mas meu subcérebro guardou direitinho aquelas imagens. Descobrimos então que era uma estratégia de marketing viral para lançamento da chuteira Nike 10 Tiempo Air Legend. Enfim, era mais uma brilhante campanha fora de moldes que a Nike fez pra potencializar seus investimentos com seus patrocinados. O ganho de mídia que eles tiveram foi altíssimo, teve materia sobre isso na maioria dos noticiários e jornais do mundo. O assunto ganhou os olhos do povo e hoje é difícil encontrar alguém que não tenha visto o craque da Nike fazendo aquele show com a bola. Continua.
Então, pouco mais de um mês depois, antes da copa começar, surge uma campanha mundialmente chamada "Joga Bonito". O ex-craque Eric Cantona fala sobre a arte de jogar futebol com beleza, mostra belas jogadas de craques brasileiros, mostra o jovem Ronaldo Assis mostrando a sua arte ainda criança num jogo de colégio. Faz um chamado para o mundo não ficar satisfeito de ver vitórias magras, times retrancados, faltas, anti-jogo. E, para os jogadores, pede dedicação pra manterem o futebol um esporte bonito. Isso tudo usando um termo em português brasileiro como síntese, o que fez o reflexo positivo todo da campanha se voltar pro Brasil. Deu orgulho, muito orgulho de ser da mesma pátria desses deuses da bola. Foi um grande sucesso.
Mas aí veio a copa e estragou tudo. Enquanto o desatre se formava o meu subcérebro me mandava constantemente a imagem do Ronaldinho acertando a trave 4 vezes e dominando com perfeição. E por mais que eu visse apenas mediocridade no jogo daqueles 11 brasileiros, a imagem voltava e me dizia que ele era o melhor do mundo e que a qualquer instante a força tomaria o seu corpo e ele faria um gol com o carimbo "joga bonito. E que o Kaká ia corresponder, que o Cicinho ia entrar (meu deus, nunca tinha ouvido falar nesse nome e já depositava nele a minha felicidade) e que o Robinho, que o Juninho Pernambucano... acreditei neles todos. Até no Galvão Bueno e no Casagrande eu acreditei. Mas não deu. Antes tivesse tido uma guerra pra adiar os jogos, um tsunami invadindo a europa, furacões, chernobil, atentados terroristas... pra gente não ver a queda dos deuses, pra não quebrar a expectativa implantada na minha cabeça. Queda ridícula, patética, vergonhosa. Fui enganado. E espero, do fundo do meu coração brasileiro, que a Nike, o Parreira, o Galvão e o que resta do Zagalo se fodam. E o futebol também, esse esporte murrinha.

Friday, June 30, 2006

A Carol mandou esse link agorinha, depois da vitória da Alemanha sobre a Argentina.



Queria ser o Arnaldo Cesar Coelho dessa transmissão.
Olha só a escalação:

DEUTSCHLAND
1 Leibniz
2 I. Kant
3 Hegel
4 Schopenhauer
5 Schelling
6 Beckenbauer
7 Jaspers
8 Schlegel
9 Wittgenstein (Karl Marx)
10 Nietzsche
11 Heidegger

GRIECHENLAND
1 Plato
2 Epiktet
3 Aristoteles
4 Sophokles
5 Empedokles Von Acraga
6 Plotin
7 Epikur
8 Heraklit
9 Demokrit
10 Sokrates
11 Archimedes

Abritragem:
juiz: Confucio
bandeirinha: São Thomas Aquino
bandeirinha: São Agostinho

Thursday, June 29, 2006

Toda verdade sobre os Teletubbies




Os Teletubbies são, diria algum conspiratório, uniformizadores da ordem mundial. Dizem que o governo americando contratou um grupo de notáveis pra criar formas de sustentar a ordem mundial a longo prazo. E os caras, gênios de primeiríssima, vieram com o programa estruturado numa calhamaço de mais de mil páginas academidamente defendido e, no bolso, o minidisc com o programa piloto. Eles (galera fudida da Casa Branca) ouviram o plano e ficaram positivamente surpresos com as explicacões psicológicas, com as projeções, com os testes, enfim, aprovaram o programa com a orientacão de realizacão imediata. Então, pra não dar nas vistas, o diretor do grupo de pesquisadores foi pro mecado, contratou um laranja, ou melhor, uma dupla formada por Anne Wood e Andrew Davenport, de uma empresa fictícia chamada Ragdoll Productions, que apresentou o trabalho pra ABC, pra Warner e, sabendo que haveria um costas-quentes a espera, na BBC. Jogada de mestre o governoi americano ter feito o programa e entregado nas mão de uma emissora inglesa.

Primeiro achei isso uma grande bobagem, uma coisa estúpida, um exagero, uma pretensão da força da comunicacão. Mas depois li mais sobre o assunto e vi que é absolutamente coerente. Que a questão política tá diretamente ligada a indústria do entretenimento e que os Teletubies são apenas um exemplo.

A lógica é mais ou menos essa. É necessário um pouquinho de desapego pra acompanhar:
1- Defender a liberdade é defender a manutenção do poder americano.
2- Liberdade é ter escolha.
3- Escolha é uma coisa que pode ser influenciada. Vc pode escolher que não quer só pq os outros escolhem.
4- O entretenimento é uma ótima forma de influenciar pessoas.
5- Pessoas que sofrem as mesmas influências na tenra infância têm a tendência a uniformização dos processos mentais atingidos.
6- As crianças ficam o dia inteiro em casa com seus pais ou babás. Além de comer e borrar as fraldas, não fazem muito além de chorar.
7- Pais, por mais preparados que possam estar pra cuidar de bebês, numa hora ou outra se cansam da encheção das crianças e buscam algum método alternativo pra acalmá-las.
8- A TV tá presente em 93,97% das residências do mundo ocidental.
9- Pais preferem ver seus filhos tranquilos na frente da TV do que chorando loucamente.
10- Os teletubies chamam a atenção, vidram as crias.
11-Os pais não sabem bem porque, mas aceitam e acham até bonitinho que seus filhos vejam, sorriam e imitem algumas coisas.
12-Várias crianças atingidas pela mesma mensagem criam personalidades com curvas semelhantes em alguns aspectos.
13-Os Teletubies usam a repetição pra desenvolver os seguintes assuntos:
a- Siga o líder
b- Sorria sempre
c- Repita o que os outros fazem (se fizeram e gostaram é porque deve ser bom, então também gostarei).
d- A diversidade faz bem (apesar de falsa).
e- A homossexualidade é natural.
f- Transmita os seus pensamentos da forma que eles lhe foram ensinados.


Pode parecer bobagem, mas essas coisas fazem sentido. Dá pra explicar e até exemplificar alguns acontecimentos recentes. Veja bem, na música, por exemplo, cada vez mais tudo é parecido. Mesmo que exista uma diversidade enorme, as pessoas gostam de coisas parecidas e gostam de ouví-las repetidas vezes. As rádios que fazem sucesso tocam em torno de 200 músicas por dia, isso porque o cara que liga a rádio já sabe o que quer ouvir e está aberto a poucas novidades: apenas as que são parecidas com o que já é sucesso. Na TV também, o cara assiste séries que são sempre o mesmo enredo, as piadas são geralmente de repetição, vide Seinfeld, Friends, Simpsons e até os Monty Phyton. Aqui no Brasil novelas são sempre a mesma coisa, com os mesmo atores até. Os noticiários sempre mesclam tragédia, com falcatrua e, de vez em quando, mostra algum programa social, uma alma caridosa. Tudo em busca de emoções básicas como indignação, pena, raiva, medo. Enfim, tudo é igual, mas todo mundo acha que é diferente. Mesmo a internet e os blogs que se multiplicam, se vc olhar bem de perto, apesar da diversidade, os temas são sempre os mesmo.

A conclusão científica e profundamente embasada disso tudo é que somos cada vez mais clones inteletuais dos teletubies. Nosso cérebro vem sendo moldado pra fazer apenas o básico, pra sermos socialmente estáveis, pra rir do que é pra rir, pra acreditar que o mundo segue um rumo inalterável por uma única pessoa e até mesmo por um grupo grande delas. E, apesar da conspiração toda que existe nisso, não é culpa de alguém ou "deles". Somos nós mesmos que somos assim e queremos que continue sendo.

Estranho é que os itens que explicam a lógica conspiratória somam o total de 13.

A zebra entrou em campo, mas foi expulsa antes do fim




Esse cara aqui é o técnico de Gana. O cara que antes do jogo contra o Brasil fez declarações otimistas, valorizou a sua equipe, colocou seus jogadores em posição de igualdade com os brasileiros. Essa foto é de terça, 27, durante o jogo, em Dortmund.

Será que é estranho ele estar com uma gravata com listras diagonais em preto e branco, sendo que ele comanda uma equipe africana, que passou de fase num grupo difícil, que queria papar o favorito?

A comunicação pessoal, aquela que traz a substância que vai ser peneirada pela mídia (sensacionalista ou não), que vai virar notícia, que vai ser faisca pra comentários intermináveis, discuções em broadcast, que vai se candidatar a capa de revista, a foto destacada, a frase em quote, enfim, essa comunicação tem sido muito pensada nessa copa.

Imagina se Gana ganha do Brasil, será que a foto dele com uma gravata de zebra pode ser a escolhida pra estampar a capa dos jornais do mundo? O cara que levou uma equipe inexpressiva a vencer da seleção favorita do mundial. Mas que baita zebra teria sido.

As vezes as idéias não dão certo por faltar um detalhe que a completaria, então não acontecem, não fecham a lógica, mas tão lá engatilhadas.

Por outro lado, nem tudo é pensado. Mas com a falta do que dizer tem jornalista de sobra pra pegar uma imagem, uma frase, uma palavra, que seja, e encontrar um significado inexistente. Pra isso existem caras como o Rodrigo Paiva que tá na seleção pra ajudar o time a vencer o confronto com a mídia. Pra colocar as palavras certas nas bocas certas e travar as investidas da guerrilha, dentre outras formas, prevenindo o seu pessoal de oferecer fogo amigo. E com pequenas estratégias pra apagar comentários disso ou daquilo.

No jogo do Brasil com o Japão, por exemplo, quando o Ronaldo revertou em campo sua condicão decendente com aqueles dois gols, ele driblou os críticos que afirmavam que ele tava fora de forma, pesado, gordo... bem, no final desse jogo a câmera seguiu o Ronaldo na saída do campo. Não é estranho que a primeira pessoa que espera o Ronaldo na beira do campo é o Rodrigo, que cochicha duas frase no ouvido dele. Em seguida, na saída dos vestiários, naquele corredor de entrevistas, vem o Ronaldo, que é chamado pelo reporter da Globo. O Ronaldo chega no cara, bem de frente pra câmera e, enquanto responde a primeira pergunta, seca o rosto com a camisa deixando a temida barriga a mostra, que tava direitinha. O ato foi ensaiado, pensado pelo Rodrigo. Tenho certeza.

Wednesday, June 28, 2006

Um estudo profundo sobre a influência do despertar no humor diário

Sonhar é uma das coisas mais interessantes da vida. Nem tô dizendo do legal que é sonhar acordado, aquele sentimento de idealização de algo. Falo do sonho mesmo, das viagens que a gente faz, das combinações estranhíssimas de fatos marcantes da vida com coisas da memória recente. É divertido e parece ter uma função, seja lá qual for.
Por isso sou contra despertador. Que desperta a gente do sonho... tsc tsc tsc, naquela hora que tu deu o salto e tá quase quase chegando na lua, péééééé! O voo magnífico, o encontro inesperado, o dom adquirido, o desejo inconciente, a memória infantil, qualquer uma dessas coisas faz pluft, desaparece. E o que aparece é uma realidade com os seus desprazeres enfatizados pelo contraste com aquelas maravilhas oníricas. E o dia começa chato.

Então, quando é possível, não ponho mais despertador e confio no meu despertar biológico. E também no despertador dos trabalhadores da obra ao lado de casa que não deve falhar nunca, já que as oito e meia sempre tem marreta, serrote e outros barulhos incríveis, abafados no volume certo, pra penetrarem meu sonho e fazer eu encerrar a historinha numa boa.

Tuesday, June 27, 2006

Jogar bonito não é nada fácil.

Essa coisa de jogar bonito é parecida com o que eu conhecia por nadar fácil. Quando um nadador nada fácil ele aparentemente não tá fazendo força, na percepção de quem tá de fora, observando-o. O braço entra sem pressa, alongado, encontra a água lá na frente crava uma alavanca que atira o corpo pra frente em velocidade constante. É como o Popov nadava, como o Gustavo Borges, o Ian Thorpe. Movimentos lentos e controlados que fazem alcançar velocidade maior e vencer, vencer sempre. Esses caras são tão bons que parecem não se esforçar. Dá até uma certa raiva. E dá raiva perceber que isso é o que se espera da seleção brasileira de futebol. O que se ouve é que ganha mas não convence. Mas ganha de 3 x 0 numa oitava de final sobre um time cheio de negão bombado, craques de times europeus, treinados com todas e mesmas condicões que nossos compatriotas. E isso não é o suficiente? Ainda tem que jogar bonito? O que é bonito? Ok, quero ver lances ousados, passes imprevisíveis, bolas se movimentando em caminhos surpreendentes. Por isso vou olhar de novo o jogo, na reprise compacta pra encontrar a jogada mais bonita. Pra mim é diversão suficiente ganhar com 3 de diferença e, melhor ainda, tranquilo. Ah! quem joga? se joga Juninho, Gilberto Silva, Robinho, Adriano? putz, não sei. Confio no Parreira pra tomar essa decisão por mim.

A comparacão de natação com o futebol é quase desnecessária. Vale apenas pra lembrar que o importante é vencer. A beleza, a admiração estética vem um pouquinho depois, na hora de contar e florear a história.

Monday, June 26, 2006

Nike do cachimbo


Domingo é dia de encontrar roupa de marca no centro da cidade. Ok, todo dia é dia de encontrar Nike, Puma, Adidas, Mormay, mas domingo é certeza porque não tem canelagem (é quando a fiscalização vem com tudo, de carrinho na canela da garotada). Quem me disse foi o Mauro, meu chará, que monta banca lá todos os dias e que me vendeu um abadá. Noutros dias é mais provável encontrar variações interessantes de marcas como essa, que reproduzo de uma estampa numa camiseta oficial da seleção brasileira de futebol, à venda por R$30 ao lado do Chalé da Praça XV.