Doce e piegas
Pela primeira vez assisti a um debate presidencial sem ter o meu candidato já escolhido. Nas outras eleições eu também assisti, mas com outro espírito. Em 89 assisti a todos os debates com vibração de jogo de futebol - meu candidato Mario Covas, apesar da minha torcida, não levou. Em 94 torci pelo FHC. 98 de novo. 2002 perdi com o Serra. Esse ano assisti ao debate por necessidade, pois estou insatisfeito com o governo do Lula e não havia encontrado ainda alguém como alternativa. Até ontem eu estava considerando continuar com o presidente, por acreditar que seria o processo natural das coisas, por acreditar que toda a corrupção que vemos era apenas mais transparência, por acreditar que seria necessário mais 4 anos para purgar algo que fizemos errado nos últimos sei lá quantos anos e levou a essa situacão perigosa que vivemos. Mas ontem o debate foi interessante. A ausência do Lula foi patética para ele - o mesmo cara que repudiou a atitude do Collor em 89 de não comparecer a debates repetiu o ato. Parece que a máxima pessimista que diz que política é a arte de se manter no poder faz sentido nesse governo. Triste ver que a frase do careca de SC que diz que a política é como o violão, se pega com a esquerda e se toca com a direita. Triste ver que as fórmulas se mantém aplicadas mesmo por aqueles que as repudiavam. Bem triste ver que eu estava acreditando que essa situacão poderia continuar por mais 4 anos... então veio o debate e resolvi ouvir com atenção a cada um dos 3 que compareceram. Ouvi atento a Eloisa Helena, mas não consegui superar o ranso que tenho em relação a visão dela que me parece ser imatura, sem deixar de ser louvável. Meu voto não foi pra ela. O Alckmin me decepcionou muito. Até me constrangi por ele ter sido pupilo do Covas (a quem sempre admirei) e ter apresentado tão pouca capacidade ontem. Encontrei, porém, o Cristovam Buarque que, no meu entender, foi contundente, que apresentou pensamentos coerentes e profundos que coincidem exatamente com o que penso. Por exemplo a visão dele sobre abrangência do conceito de corrupcão que envolve responsabilidade. Passei a acreditar na revolução doce e piegas que ele prega para o país. Enfim, farei parte dos 2 ou 5 por cento que terão percebido um caminho melhor ali.
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