Tuesday, August 21, 2007

o laboratório cubano

Em 96 fui a Cuba participar de uma competição de natação. Éramos uma equipe de uns 20 brasileiros, sendo que os meus amigos Bier e Lisandro foram os gaúchos que também foram. Nadamos contra os cubanos na piscina olímpica espetacular que foi construida lá para o Panamericano de 87. A piscina auxiliar de aquecimento tinha áudio subaquático, o que me agradou muito.

Voltei de lá com uma medalha e com a sensação de ter visitado um laboratório da humanidade, um lugar onde alguém resolveu mudar tudo pra ver como funcionaria.

Lembrei disso ao ver essa notícia:

Um agente do serviço secreto soviético divulgou uma informação intrigante. Segundo ele, desde os anos 80, Cuba se tornou um laboratório de testes de sustentabilidade da humanidade. Segundo o militar que agora trabalha para a Chevron, o governo chinês controla a situacão do país de Fidel através de alguns poucos auxílios e jogo duplo de diplomacia para fazer paises como os EUA aplicarem embargos bem medidos que simulariam uma situacão de escassez de recursos comparável ao que o mundo poderá estar vivendo no prazo de 50 anos. O projeto ultrasecreto se explica na necessidade que o pais mais populoso do mundo têm de administrar recursos humanos num futuro onde sua população terá níveis educacionais bem superiores aos atuais ao mesmo tempo que experimentará uma retração econômica resultante de uma possível mudança da matriz energêtica e deterioração climática.


Alguém falou em conspiração?

Tuesday, August 14, 2007

a história de como o fractal passou a fazer parte da minha vida

O fractal começou a surgir no pensamento quando fumei maconha pela primeira vez. Foi na Praia do Ferrugem, com meus amigos Pavão, Pavãozinho e Bier. Na época todos nós ainda éramos nadadores e eu era definitivamente abstêmico. Álcool nem no Ano Novo. E absolutamente nada mais. Era uma escolha pragmática pelo meu desempenho físico. Mas naquele verão resolvi fumar e acabei encontrando o princípio da lógica fractal que passou a orientar alguns dos meus pensamentos.
Sentado na beira do rio da barrinha eu fumei. Eu tava me sentido muito deslocado e ao mesmo tempo invisível numa roda de gente que incluía o atual DJ Chernobil e vários outros experimentados. Enfim, saí dalí e caminhei por umas 5 quadras que pareceram 5 horas me admirando com a intensidade das sensações que surgia. Especialmente lembro de sentir minhas glândulas salivares jorrando por um sanduiche. Cheguei em casa e me sentei ao acaso observando um tronco de árvore seca. Fiquei uma hora olhando pra casca da árvore e percebi que a casca tinha uma característica estranha e bem interessante que era a seguinte: ao observar ela a um metro de distância e observar ela BEM de perto, ela tinha estruturas muito parecidas. Achei incrível. Daí acabou o efeito e não achei mais tão admirável, mas fiquei pensando sobre o assunto até um dia em que li sobre a teoria do fractal.
Anos depois assisti ao filme Pi do Darren Aronofsky e comecei a pirar em alguns conceitos como: 1- a matémática é a língua da natureza. 2- é possível extrair um padrão matemático de todas as coisas. 3- é possível identificar padrões em praticamente tudo, basta ter distanciamento e proximidade suficientes para observar o todo e o detalhe, assim como se pode observar a casca de árvore a um metro ou bem de perto. 4- a observação atenta pode resultar na leitura do futuro. 5- o avanço nessa disciplina pode levar a esquizofrenia.
Bem, foi assim.

Friday, August 10, 2007

fractal de humano

O ser humano é um ser muito igual.
É uma mesma essência por motivos biológicos.
Uma organização de orgãos e sistemas muito semelhantes.
Um ser que teima em dizer e achar que é diferente.
E tende a achar que é melhor ou pior, mas não igual.
Dificilmente nos consideramos iguais.
E geralmente esquecemos de procurar nossos chavões.

Por isso há tempos acho que está sobrando gente. Sobrando textos e opiniões. Por isso trabalho pra que minha opinião não seja encontrada. Pra que meus pensamentos não saiam da minha cabeça. Faço o possível pra guardar eles da impressão de qualquer pessoa. Pra não ser mais um e não enfrentar a própria consciência de que somos ordinários. Seres que se comportam em um mesmo padrão, com seus vícios.

Somos fractais da humanidade observadores e atores do nosso microcosmo, enquanto nossa influência comunitária nos faz atores no macrocosmo.

O microcosmo é o horizonte de percepção que cada um tem da sua própria vida. Enquanto o macrocosmo é a observação que fazemos da vida dos que estão intocáveis. E o extracosmo é aquilo que foge da nossa vista.

Cada vez que abro meu browser percebo que meu microcosmo aumenta. Mas aumenta da mesma forma que todo o universo cresce. Meu micro se funde ao de outros e ao mesmo tempo reocupa memórias que passam a ser codificadas pra não ocuparem espaço útil para o crescimento. Que são acessíveis sempre que consideramos que elas são necessárias para alcançarmos o planejado.

Sempre estamos nessa de voar para longe e guardar a memória do ponto de partida.

No tempo em que eu nasci
falei para o leiteiro
que a a terra era das vacas
ele sorriu pra mim
surgiu um amigo
e conversamos
tudo certo, ele disse que não faz mal às vacas
que só tira o que elas produzem
mas dói
não
somos humanos, assim que é.

Isso certamente é comum, meu amigo disse.
Respondi que nunca vi.
Mas na matriz é igual.
Por que?
Porque já aconteceu, já existiu algo assim.
Eu queria ter vivido antes do Beatles.
Aí você não veria o mundo assim.
Mas seria o meu mundo e nao o deles.
Tu não teria a influência deles.
Eu poderia escrever o submarino azul.
Patético. E por que seria melhor azul do que amarelo.
Porque seria meu.
Eu acharia pior.

Quando escrevo alguma coisa tenho a nítida impressão de que é desnecessária. De que já teve alguém que escreveu isso ou algo muito parecido. Tenho a impressão de que precisamos parar de querer aparecer. Que ler e pensar tem que ser valorizado mais do que falar. O adorável mundo novo tá com desproporção de alfas dominantes.

Por isso tudo, escolha ter um cachorro (por exemplo) em vez de um filho. Desacelerar o crescimento é o paradoxo da sobrevivência. É a necessidade que temos de encontrar a humildade como espécie. Slow down. Vote "500".

Agora deixo de lado o fluxo de consciência pra lembrar que, mesmo na publicidade, a responsabilidade pelo coletivo é necessária e possível.