Monday, July 03, 2006

A incrível mentira que perdeu a Copa.

Eu, que não acompanho futebol, que não jogo nem playstation, que não sei bem a diferença entre Barcelona, Arsenal e Real Madrid, vi há 7 meses, o impossível acontecer nos pés do craque Ronaldinho Gaúcho. Ele calçou uma chuteira e engatou uma série de embaixadas com domínio de bola que o mundo não imaginava ser possível. Conduziu a bola com malabarismos perfeitos e chutou para o gol, a bola voltou nos seus pés e ele chutou de novo e o mesmo aconteceu mais 3 vezes. E a bola não caiu nenhuma vez, esteve sob controle do craque como um animal domado a chicote num circo. Incrível.

Só que aquilo que meus olhos viram era de mentira. O controle da bola não era proporcionado pelo sorridente Ronaldinho Gaúcho. Óbvio! Dããã! Como uma cara, mesmo que o melhor jogador do mundo, poderia fazer aquilo...? Teria que ser muito preciso, milimetricamente preciso, pra cada um dos chutes acertar o travessão e voltar exatamente nele... é certamente impossível. Aceitei isso, mas meu subcérebro guardou direitinho aquelas imagens. Descobrimos então que era uma estratégia de marketing viral para lançamento da chuteira Nike 10 Tiempo Air Legend. Enfim, era mais uma brilhante campanha fora de moldes que a Nike fez pra potencializar seus investimentos com seus patrocinados. O ganho de mídia que eles tiveram foi altíssimo, teve materia sobre isso na maioria dos noticiários e jornais do mundo. O assunto ganhou os olhos do povo e hoje é difícil encontrar alguém que não tenha visto o craque da Nike fazendo aquele show com a bola. Continua.
Então, pouco mais de um mês depois, antes da copa começar, surge uma campanha mundialmente chamada "Joga Bonito". O ex-craque Eric Cantona fala sobre a arte de jogar futebol com beleza, mostra belas jogadas de craques brasileiros, mostra o jovem Ronaldo Assis mostrando a sua arte ainda criança num jogo de colégio. Faz um chamado para o mundo não ficar satisfeito de ver vitórias magras, times retrancados, faltas, anti-jogo. E, para os jogadores, pede dedicação pra manterem o futebol um esporte bonito. Isso tudo usando um termo em português brasileiro como síntese, o que fez o reflexo positivo todo da campanha se voltar pro Brasil. Deu orgulho, muito orgulho de ser da mesma pátria desses deuses da bola. Foi um grande sucesso.
Mas aí veio a copa e estragou tudo. Enquanto o desatre se formava o meu subcérebro me mandava constantemente a imagem do Ronaldinho acertando a trave 4 vezes e dominando com perfeição. E por mais que eu visse apenas mediocridade no jogo daqueles 11 brasileiros, a imagem voltava e me dizia que ele era o melhor do mundo e que a qualquer instante a força tomaria o seu corpo e ele faria um gol com o carimbo "joga bonito. E que o Kaká ia corresponder, que o Cicinho ia entrar (meu deus, nunca tinha ouvido falar nesse nome e já depositava nele a minha felicidade) e que o Robinho, que o Juninho Pernambucano... acreditei neles todos. Até no Galvão Bueno e no Casagrande eu acreditei. Mas não deu. Antes tivesse tido uma guerra pra adiar os jogos, um tsunami invadindo a europa, furacões, chernobil, atentados terroristas... pra gente não ver a queda dos deuses, pra não quebrar a expectativa implantada na minha cabeça. Queda ridícula, patética, vergonhosa. Fui enganado. E espero, do fundo do meu coração brasileiro, que a Nike, o Parreira, o Galvão e o que resta do Zagalo se fodam. E o futebol também, esse esporte murrinha.

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