flash mob. uma "busca" pra comprovar a facilidade de levar uma galera a desindividualização.
Bill Wasik é o cara que inventou os flash mob. Foi ele quem criou a conta fictícia de um hotmail qualquer, enviou para a sua caixa postal e dali para seus contatos internéticos. Foi em NY, onde ele é editor da revista Harpers. Diz ele que a idéia foi realizar uma experiência pra provar a falta de consistência da cultura contemporânea e a força da internet na desindividualização. Imagino que ele enxergou um vazio e quis brincar de ter poder. Fato é que andou um email pra 60 da sua lista que acharam superlegal a idéia e repassaram para outros tantos. No horário marcado um grupo grande tava lá e também no horário marcado o mesmo grupo saiu. As pessoas que estavam desavisadas no local não entenderam nada. E os participantes acharam superdivertido. A falta de senso fez sentido pros presentes: o sentido de se sentirem parte de um grupo restrito, o grupo dos que sabiam onde seria aquele evento, o grupo que só tem acesso por mérito de fazer parte da lista do fulano. Divertido, o evento tomou o mundo. Era superlegal ficar sabendo em tempo de estar presente no acontecimento. Muitos flash mob foram puxados por fotógrafos que documentaram momentos interessantes de pessoas fazendo algo estranho, num local público, exatamente ao mesmo tempo, sem explicação, coisas do tipo: se ajoelhar em frente ao um grande dinossauro de brinquedo numa loja de departamentos e entoar um salve. A cara dos desavisados devia causar boas risadas. Uns caras começaram teorizar seriamente sobre a coisa. Surgiu artista plástico pacas chamando eventos falhados que se propunham ser parte de um estudo sobre a efemeridade na arte. Mas eles tavam atrasados, tentando apenas, já fora da bolha divertida que passou. Enquanto isso o Bill, imagino, olhava o acontecer da invenção com uma vontade enorme de revelar a autoria e ganhar alguma glória extra. Diz ele que manteve segredo absoluto até há pouco tempo, quando reinvindicou a autoria. Interessante o fato e a força dele guardar a informação por tanto tempo. E, ao revelar, ser reconhecido (pelo menos uma capa da Ilustrada da Folha de SP). Engraçado também é que se você procura por referências dele, todas dizem algo como: Biwasik, o cara que inventou o flash mob. Mais engracado ainda é que ele tá ganhando as glórias por algo que foi justamente pra comprovar a superficialidade da cultura.
Isso porém não é uma novidade. É algo comum na história - o uso das massas. Um grande feito, de um grupo compenetrado, puxado por um líder carismático, seguido de posterior revelação de um interesse individual transfigurado em interesse comunitário. Fora uma lista enorme de guerras, revoluções e conquistas, existe o exemplo moroso da política atual e dos movimentos sociais. Triste comparação diária nos noticiosos. Interessante e divertido é a prova do embasamento do inventor do flash mob: de que o fenômeno da desindividualização também atinge quem é cool.
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